Lula conversa com ministro enrolado na 2a
Foto: Reprodução/ Rádio BandNews FM
O presidente Lula (PT) afirmou que conversará na segunda-feira (6) com o ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil-MA), envolvido em suspeitas que vão de ocultação de patrimônio ao uso de orçamento secreto para beneficiar uma propriedade da família.
Ele [Juscelino Filho] tem o direito de provar sua inocência. Mas se não conseguir provar sua inocência, ele não pode ficar no governo.”Lula, em entrevista à BandNews FM
Juscelino direcionou R$ 5 milhões do orçamento secreto para asfaltar uma estrada que passa em frente a oito fazendas de sua família, segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo. Ele também não declarou um patrimônio de ao menos R$ 2,2 milhões em cavalos de raça ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e é acusado de usar transporte custeado pelo governo e receber diárias da União em compromissos pessoais. A reunião entre o presidente e o Juscelino foi marcada pelo ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT). Lula afirmou que, caso não consiga provar sua inocência, o ministro deixará o governo. Segundo o presidente, a condição imposta a Juscelino também se aplica à ministra do Turismo, Daniela Carneiro (União Brasil-RJ), acusada de ligação com milicianos. Lula, no entanto, afirmou tratar os casos de forma diferente.
A Daniela é diferente. Você pega a fotografia de alguém em cima do palanque, você não pode condenar uma pessoa porque está em cima do palanque com uma pessoa indesejável. […] Eu acho que [o envolvimento] não é maior do que isso”Lula sobre suspeitas das relações políticas entre Daniela Carneiro e milicianos
Na entrevista para BandNews, Lula ainda disse ser “grato” à ministra do Turismo. “Ela foi a única deputada da Baixada Fluminense que me apoiou de verdade, ela e o marido dela. E pagaram um preço muito caro ao governo anterior”.
O acordo com o União Brasil é um dos motivos para Lula tratar de forma diferente os casos entre os ministros. Juscelino foi empossado na cota do partido. Já Daniela vem de um acordo direto entre Lula e o marido dela, Waguinho, que levou o presidente, na época candidato, para Belford Roxo durante as eleições — ajudando a frear o avanço do então candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) na região. Juscelino foi o último entre os 37 ministros a ter o nome anunciado, em dezembro. Sua indicação tem influência do senador David Alcolumbre (União-AP), do deputado Elmar Nascimento (União-BA) e até do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). Sem nenhum contato direto com o presidente antes da organização ministerial, Lula não esconde que seu nome está sujeito ao União Brasil —e à colaboração da base da sigla com o governo. Agora, no entanto, com a provável formação de bloco na Câmara entre União Brasil e PP, alguns parlamentares ouvidos pelo UOL veem as denúncias e críticas como fruto de “fogo amigo” por parte do próprio partido do ministro, que teria mais integrantes de olho na vaga.