Anderson Torres depôs hoje na Justiça
Foto: Adriano Machado/Reuters
O ex-ministro da Justiça e da Segurança Pública Anderson Torres prestou depoimento hoje (16) na ação de investigação eleitoral que mira o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Preso desde janeiro, Torres participou por videoconferência. A oitiva durou uma hora e meia. Fontes consultadas pelo UOL em caráter reservado avaliam que Torres não deu “novidades”, mas respondeu a todas as perguntas feitas, principalmente sobre a minuta de teor golpista encontrada em sua residência, documento que minimizou e chamou de “texto folclórico”.
Em fevereiro, ao depor perante a Polícia Federal, Torres afirmou que a minuta “não tinha viabilidade jurídica” e que era “descartável”, mas não soube explicar quem elaborou o documento. Ele reiterou essas falas hoje. A defesa de Bolsonaro chegou a apresentar um recurso ao TSE para evitar o depoimento de Torres, alegando que a medida seria “impertinente” e com “pouca ou nenhuma utilidade processual” uma vez que o ex-ministro já foi ouvido no inquérito sobre os atos golpistas no Supremo Tribunal Federal.
Torres foi interrogado sobre a minuta de teor golpista encontrada em sua residência durante buscas da Polícia Federal e seu eventual envolvimento na reunião de Bolsonaro com embaixadores estrangeiros, em julho do ano passado. O ex-ministro também deveria explicar sua participação na live feita por Bolsonaro que atacou o sistema eleitoral, em julho de 2021. Torres prestou depoimento na ação de investigação eleitoral mira Bolsonaro por suposto abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação durante uma reunião com embaixadores estrangeiros em julho de 2022. O processo foi movido pelo PDT.
Na ocasião, o então presidente reciclou mentiras contra o processo eleitoral — das 16 ações contra Bolsonaro, esta é a mais avançada e foi “turbinada” com a inclusão da minuta golpista encontrada na casa de Torres. Como mostrou o UOL, os advogados do PDT pediram a inclusão ao processo da minuta de teor golpista, mas o documento deve ser o único derivado das apurações dos atos golpistas que será adicionado ao caso.
A estratégia é não abrir brechas para a ação ser travada com discussões processuais. A intenção é garantir não apenas a condenação de Bolsonaro, mas que os recursos sejam rejeitados até o final do semestre. Além de Torres, também presta depoimento hoje no TSE o perito da Polícia Federal Ivo de Carvalho Peixinho, que será questionado sobre a live em que Bolsonaro usou um inquérito da PF para atacar o sistema eleitoral.