PGR denuncia em junho autoridades do DF por 8/1
Foto: José Cruz/Agência Brasil
A Procuradoria-Geral da República (PGR) deve apresentar até junho o conjunto de denúncias contra autoridades do Distrito Federal que atuaram ou se omitiram diante dos atentados de 8 de janeiro, protagonizados por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Ao todo, a PGR pediu a abertura de sete inquéritos no Supremo para apurar responsáveis pelos atos. Até o momento, o órgão denunciou 1.187 pessoas. Três investigações miram os executores, financiadores e os autores intelectuais dos ataques – é neste último que Bolsonaro é investigado. Há ainda outros três processos abertos contra deputados que manifestaram apoio aos atos pelas redes sociais.
Um inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) mira, além do governador Ibaneis Rocha (MDB), o ex-ministro Anderson Torres e a cúpula da Polícia Militar (PM). O responsável pelas investigações é Carlos Frederico Santos, que foi designado para atuar nas investigações sobre os atos antidemoctáticos pelo procurador-geral da República, Augusto Aras.
Segundo interlocutores da PGR, o principal objetivo é entender por que as autoridades responsáveis por proteger o patrimônio público deixaram os vândalos alcançar a Praça dos Três Poderes e invadir os prédios do Congresso, do Palácio do Planalto e do STF.
O órgão pretende reconstruir o que aconteceu naquele dia (e nos anteriores) e explicar por que a cadeia de comando do governo do DF e da Polícia Militar permitiu que os supostos manifestantes se descolassem, sem resistência, do quartel-general do Exército para a Esplanada dos Ministérios.
Uma das perguntas que deverá ser respondida é se houve apenas omissão das autoridades ou uma intenção deliberada de ajudar os golpistas a concretizarem seus ataques às instituições.
Para isso, os vídeos gravados naquele dia, que mostram a ação dos extremistas e dos agentes policiais, serão analisados minuciosamente, assim como os depoimentos dos suspeitos e demais elementos já coletados.
Um dos personagens centrais do inquérito é Torres. Ele deixou o governo Bolsonaro e assumiu, em seguida, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal. Quando os ataques aconteceram, porém, ele estava de férias nos Estados Unidos. Sua prisão foi pedida naquele mesmo dia, pela Polícia Federal (PF), e efetivada uma semana depois, quando ele desembarcou em Brasília.
No fim de fevereiro, a PGR se manifestou pela permanência de Torres na prisão, apontando risco de que ele, solto, pudesse atuar para obstruir a investigação, seja ocultando ou destruindo provas relevantes.
Foi na casa do ex-ministro de Bolsonaro que a PF encontrou a chamada “minuta do golpe”, proposta de decreto para instaurar estado de defesa na no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Também investigado, Ibaneis foi reconduzido ao cargo em 15 de março, por ordem do ministro do STF, Alexandre de Moraes. Em seu despacho, ele apontou que as investigações continuavam e que Ibaneis poderia voltar a ser afastado, se fosse necessário.