Republicanos engolirá defecções do União

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Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Após filiar o prefeito de Belford Roxo (RJ), Waguinho Carneiro, o Republicanos abriu as portas também para a ministra do Turismo, Daniela Carneiro, esposa dele, e outros cinco deputados federais da bancada fluminense que entraram em conflito com o presidente do União Brasil, o deputado Luciano Bivar (PE), mas avisou a eles que isso não significa que o partido se aproximará do governo.

Nos bastidores, o presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), já afirmou a Waguinho e seus aliados que está de portas abertas para o grupo, caso todos decidam deixar o União Brasil. Tem repetido a interlocutores que “não tem como aceitar a filiação do marido e não aceitar a esposa”, mas que, em nenhum caso, o Republicanos será base aliada do governo Lula (PT). A intenção é manter a postura de independência para poder divergir do partido nas pautas de costumes e econômicas, além de manter aberta a possibilidade de candidatura presidencial do governador de São Paulo, Tarcísio Freitas (Republicanos).

O Valor apurou com fontes do Republicanos que o partido não exigirá que Daniela deixe a Pasta para se filiar ao partido, mas também não entrará no governo e nem a considerará uma indicação partidária. A ministra, afirmou um importante líder da sigla, ficará “na conta pessoal” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em retribuição ao apoio de Waguinho à campanha do petista ano passado.

Dentro do Republicanos, contudo, parte dos deputados acredita que Lula acabará por tirar a ministra do cargo para não provocar uma insatisfação maior no União Brasil. A avaliação é de que ficaria mal com a cúpula do partido acolher um grupo que saiu brigado – e que, até então, ocupava espaço no Executivo destinado aos deputados do União Brasil.

O governo, por enquanto, tem refutado trocas no ministério por causa da briga partidária. “Não tem história de reforma ministerial e cargo de ministro é de confiança do presidente da República”, afirmou o presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin (PSB), ao ser questionado sobre a possibilidade de Daniela deixar o cargo.

Já o União Brasil, como já se tornou costumeiro, está dividido. O grupo de Bivar passou a exigir a demissão da ministra, caso ela de fato se desfilie, e diz que a vaga é de algum representante da sigla. Já o grupo do líder da legenda na Câmara, o deputado Elmar Nascimento (BA), e do secretário-geral do União, ACM Neto, rebatem que o partido sempre tratou Daniela como da cota pessoal de Lula e, por isso, não faz sentido reivindicar o cargo agora.

Na segunda-feira, Waguinho trocou a presidência do União no Rio de Janeiro pelo comando do Republicanos no Estado, alegando que Bivar atropelou o diretório estadual ao retirar uma senha para movimentação do fundo partidário e ao fazer nomeações no governo local sem passar pela bancada. No mesmo dia, seis deputados federais do União Brasil no Rio recorreram à Justiça Eleitoral para pedir a desfiliação por justa causa (no caso deles, caso saiam sem esse aval, correm risco de perderem os mandatos). Entre os integrantes estão a ministra do Turismo e os deputados Dani Cunha, Chiquinho Brazão e Juninho do Pneu.

Valor Econômico