Confira correlação de forças na Câmara após superbloco de Lira
Foto: Adriano Machado/Reuters
A Câmara dos Deputados terá uma nova organização de forças com a criação do novo “superbloco” de partidos anunciado nesta quarta-feira (12).
O tamanho das bancadas e dos blocos partidários é importante moeda de troca na negociação política direta com o governo e na distribuição de cargos e comissões na Casa. Na prática, quanto maior o número de parlamentares reunidos em uma sigla ou bloco, maior a influência política do grupo na Câmara
A criação do “superbloco” – que reúne PP (partido do presidente da Câmara, Arthur Lira), União Brasil, PDT, PSB, Solidariedade, Avante, Patriota e pela federação Cidadania-PSDB – é a mais recente reorganização de forças na Casa.
O grupo reúne 173 deputados e demonstra a força de Lira na Casa. No “superbloco”, há partidos claramente alinhados ao governo Lula, como PSB e PDT, mas outros que não são da base, como o PP.
O bloco é uma reação à oficialização de um outro grupo de partidos – MDB, PSD, Republicanos, Podemos e PSC –, com 142 deputados. Esse grupo, criado no mês passado, ofuscou na ocasião as negociações de Lira para viabilizar um conjunto de siglas com peso para influenciar as decisões na Casa.
Uma proposta de emenda à Constituição (PEC), por exemplo, pode demonstrar a força ou o fracasso político de um governo. Para a aprovação de um texto desse tipo, são necessários três quintos dos deputados (308).
O governo pretende votar, nos próximos meses, alguns temas considerados essenciais, como a PEC da reforma tributária.
PP, União Brasil, PDT, PSB, Solidariedade, Avante, Patriota e Cidadania-PSDB (173 deputados)
Esse é o maior bloco. O líder do grupo, deputado Felipe Carreras (PSB-PE) diz que o grupo será fiel a Lira e também dará sustentabilidade a Lula.
Bloco que sem sombra de dúvidas vai ter importância para governabilidade, a estabilidade política do país”, disse Carreras.
Segunda maior força da Câmara, o bloco tem 142 parlamentares. Foi oficializado no último mês. O líder do grupo é o deputado Fábio Macedo (Podemos-MA).
Os cinco partidos já estavam unidos desde 1º de fevereiro para a reeleição de Lira à presidência da Casa.
O bloco, segundo o blog do Camarotti, é visto como uma tentativa de esvaziamento do poder de Lira na Casa. O alinhamento ao governo Lula não é claro. O grupo reúne parlamentares aliados, independentes e de oposição.
O PL é a terceira maior bancada da Casa e não está em bloco nenhum. Tem 99 deputados e é liderada pelo deputado Altineu Côrtes (RJ). É oposição ao governo.
Impulsionado pelo então presidente Jair Bolsonaro, o partido elegeu o maior número de deputados nas últimas eleições, em outubro de 2022. A sigla chegou a integrar o “blocão” formado para a eleição de Lira, mas deixou nas primeiras semanas de funcionamento da Câmara.
Com 81 deputados, a federação partidária PT-PCdoB-PV, intitulada “Brasil da Esperança”, é a quarta força da Câmara. O líder é o deputado Zeca Dirceu (PT-PR).
A federação é um modelo no qual os partidos têm que se manter unidos por, no mínimo, quatro anos para além da atuação na Câmara. Dentro da Casa, são consideradas como blocos.
Esse grupo foi formado para dar sustentação à campanha eleitoral de Lula em 2022. Em fevereiro passado, assim como o PL, chegou a participar do “blocão” de Lira, mas também se desvinculou. Segue, no entanto, como sustentação a Lula.
Quinta maior bancada, a federação PSOL-Rede tem 14 deputados e é liderada na Câmara pelo deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP).
A federação foi formada em 2022 para garantir que as duas siglas cumprissem a cláusula de barreira, que estabelece índices mínimos de votação para a distribuição de recursos mensais do fundo partidário, utilizado para gastos referentes à manutenção das siglas, e do tempo de propaganda eleitoral em rádio e televisão.
Os partidos não se aliaram a Lira em fevereiro e lançaram candidato próprio à presidência da Câmara, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ). A federação é aliada ao governo Lula.
Assim como o PSOL, o Novo decidiu não aderir ao “blocão” de Arthur Lira e foi isolado na Casa. Hoje, o partido tem 3 deputados. A liderança da bancada é da deputada Adriana Ventura (SP).