Governo convence MST a desocupar fazendas
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Após duas reuniões com ministros do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quarta-feira, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) se comprometeu a desocupar as áreas invadidas da Embrapa, em Pernambuco, e da Suzano Papel e Celulose, no Espírito Santo. As duas ações promovidas nesta semana pelos sem-terra haviam causado descontentamento na gestão do petista e levado ministros a subirem o tom contra o movimento.
Integrantes do MST dizem que o compromisso de desocupar as áreas foi assumido depois que o governo Lula prometeu buscar locais para assentar as famílias que participaram das invasões. No caso de Pernambuco, a gestão petista garantiu, nas palavras de membros do MST, que irá procurar áreas para serem desapropriadas na região de Petrolina para cerca de 600 famílias. O movimento alega que 90% do terreno da Embrapa ocupado não é utilizado.
Em relação à área da Suzano, os sem-terra argumentam que o terreno foi doado pela União nos anos 1990 e que parte dos 11 mil hectares também não é usada. Nesse caso, o compromisso do governo seria buscar uma negociação para que as cerca de 200 famílias que promoveram a invasão pudessem ser assentadas em uma parte da área da Suzano.
A tensão entre o governo Lula e o MST, movimento historicamente aliado ao PT, porém, só foi resolvida depois de duas reuniões. Na primeira, realizada no fim da manhã, o ministro Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário, teria mantido a posição de que só negociaria com o movimento, como já havia afirmado ao GLOBO, após a desocupação das duas áreas invadidas.
Diante do impasse, um novo encontro foi convocado para o fim da tarde, com a participação também do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macedo. Nessa reunião, na visão dos sem-terra, o governo apresentou uma posição mais flexível e foi possível chegar a um acordo. Ainda segundo os sem-terra, os dois ministros assumiram o compromisso de lançar em maio um plano de reforma agrária, com medidas, metas e um cronograma.
Em vídeo postado nas redes sociais, Paulo Teixeira disse que recebeu a direção nacional do MST, que apresentou “a agenda da sua jornada nacional de luta pela reforma agrária”. De acordo com o ministro, a agenda já faz parte do “programa do presidente Lula”. O ministro se comprometeu ainda a manter diálogo com o movimento.
O MST também vinha reivindicando junto ao governo a substituição de superintendentes regionais do Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra) que estavam no posto desde o governo do presidente Jair Bolsonaro. Na terça-feira, a gestão petista havia trocado sete ocupantes desses postos.
Após as reuniões com ministros nesta quarta-feira, integrantes do movimento disseram, em uma avalição preliminar, que o “MST reafirma o compromisso com a luta como forma de negociação e o apoio ao governo do presidente Lula”. Também destacam que foram promovidas ações em 18 estados sem incidentes.