Os escândalos “de emergência” da máfia – midiática
De repente, um personagem até então desconhecido pela esmagadora maioria do país começou a aparecer em jornais, rádios, televisões e portais de internet da máfia – midiática e tupiniquim, não da siciliana e italiana. Trata-se do potiguar Henrique Alves (PMDB-RN), o até aqui candidato da base governista a presidente da Câmara dos Deputados.
Apesar de ser hoje o parlamentar mais antigo daquela Casa, é um político apagado, daqueles “de bastidores”, o famoso come-quieto. E, como todo bom come-quieto, enquanto fica quietinho no seu cantinho papando todas (refiro-me a verbas), ninguém se lembra de lhe fazer perguntas. E ele, de dar explicações.
A historieta desse personagem, porém, é como tantas outras de tantos outros parlamentares de qualquer uma das casas do Legislativo ou dos Poderes Executivo e Judiciário.
São histórias de sinecuras, jeitinhos, enfim, de malandragens mil que tornam idílicas as vidas de parlamentares, juízes, prefeitos e governadores – presidentes não conseguem ser “comes-quietos” com muito sucesso devido à ultra-exposição a que estão permanentemente submetidos.
Além das regalias com o nosso dinheiro, esses detentores de cargos nesses Poderes têm licença para promoverem alguns absurdos como o de um deputado dar o uso que quiser a sinecuras como são as “emendas parlamentares”.
Alves não é o único a usar dinheiro público repassado pelo Executivo a quem indica e quando indica. Seu “escândalo de emergência” surgiu tão rápido porque aguardava, como tantos outros, o momento de ser usado. Ou alguém acredita na coincidência de terem descoberto o tal “Bode Galeguinho” só no momento em que o parlamentar está para se tornar presidente da Câmara dos Deputados?
É claro, óbvio, cristalino como a lágrima de uma das milhões de crianças pobres deste país que não conseguem estudar porque espertalhões sugam parte de verbas que a elas deveriam ser destinadas que é uma afronta a explicação de Alves para o “escândalo de emergência” que acaba de ser assacado contra si.
Emenda parlamentar do deputado peemebista foi repassada a empresa com a qual um seu assessor de gabinete tem vínculos concretos e não refutados por ele mesmo, razão pela qual se desligou do cargo em que estava empregado.
Que é uma vergonha, é. Mas é uma das muitas vergonhas do mesmo tipo que ocorrem o tempo todo e pelas quais a “imprensa” – que tem hoje, no país, a primazia de “hierarquizar” escândalos contra personagens públicos – não se interessa.
Por que a dita “imprensa” (um aglomerado de grandes grupos econômicos) não se interessa? Porque os outros escândalos de plantão que tem em suas escandalosas prateleiras de “armas” contra todos para usar no “momento certo”, esses ficarão acobertados para futuras chantagens ou “eliminações políticas”.
O que mais e quanto mais a “imprensa” tem em suas mangas? E contra quem…
A vez do potiguar Alves chegou porque ele declarou, semanas atrás, que, eleito presidente da Câmara, dará à ordem de cassação de condenados pelo STF o mesmo tratamento que o antecessor direto, Marco Maia, disse que daria se permanecesse no Cargo, ou seja, o de garantir o mandato daqueles condenados.
Há, portanto, uma agenda de “escândalos de emergência” contra prováveis alternativas a Alves que poderão ser usadas ou não pela “imprensa” a depender de quem possa vir a substituí-lo como candidato da base governista a Presidente da Câmara, cargo para o qual o PMDB, no âmbito de acordo com o PT, tem a prerrogativa de indicar o nome.
Não existe um único deputado que não possa ter questionamento acerca do destino das verbas oriundas de suas emendas parlamentares porque elas são usadas em projetos que todos esses parlamentares elaboram para atenderem às suas bases, o que implica em destinarem dinheiro público àqueles com os quais tem relações.
É vergonhoso porque se trata de dinheiro público sendo usado para fins políticos-eleitorais, independentemente do interesse público. Só que é assim que a banda toca.
É comum na Câmara, no Senado ou em qualquer outro Poder da República o dinheiro público ser usado de uma forma que permita questionamento, pois este pode ser feito à incongruência elementar de leis formuladas para atender a grupos políticos e a outros interesses variados.
Enquanto a incongruência da lei que permite que “emendas parlamentares” sejam usadas dessa forma vira escândalo nacional, centenas de outros casos parecidos, iguais e até muito mais graves dormitam nas prateleiras da máfia (midiática), apenas esperando a próxima vendetta a que dará curso.