Dilma e a estratégia do avestruz

Crônica

Sim, tenho críticas ao governo Dilma. Não as digo mais porque já tem muita gente acusando-o de tudo e, assim, uma crítica a mais, mesmo sendo justa, será vista como parte dos ataques de grupelho político que ignora os avanços épicos obtidos pelo Brasil nos últimos dez anos. Afinal, devido à mediocridade das críticas os governos petistas blindaram-se contra todas elas.

Uma dessas críticas, porém, precisa ser feita agora. Recebo nesta terça-feira (25.2), pelo Facebook, mensagem de Raquel de Lima, da seção de Brasília do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC). Veja, abaixo.

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10:22

Fndc Democratização da Comunicação

Olá, Eduardo, tudo bem?

Estamos divulgando um manifesto do FNDC contra a postura do governo, expressada por meio do secretário-executivo do MiniCom no último dia 20, de não realizar o debate sobre a democratização da comunicação no Brasil.

Não sei se recorda, mas, na segunda-feira passada, divulgamos a intenção de apresentar um projeto de lei de iniciativa popular para um novo marco regulatório da comunicação. Estamos na luta em busca de apoio e divulgação para a causa. Assim, encaminho o link da nota pública, divulgada na sexta: http://bit.ly/WZQTxj .

Aproveitando a oportunidade, gostaríamos de saber se podemos contar com a sua assinatura no manifesto. Obrigada pelo apoio!

Teu apoio será muito valioso! Obrigada! Nos colocamos à disposição.

Raquel

Raquel de Lima

FNDC – FÓRUM NACIONAL PELA DEMOCRATIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO

61 XXXXXXXXX

NOTA PÚBLICA: GOVERNO FEDERAL ROMPE COMPROMISSO COM A SOCIEDADE NO TEMA DA COMUNICAÇÃO – Campanha FN

www.paraexpressaraliberdade.org.br

Este site trata sobre um novo projeto de comunicação para o Brasil

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11:01

Eduardo Guimarães

Raquel, foi uma semana dura. Vou divulgar aqui no FB e depois aproveitarei o material no Blog. Desculpe o esquecimento

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11:02

Fndc Democratização da Comunicação

Nada, só temos a agradecer o apoio! Podemos divulgar que você assina? Abs., Raquel

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11:05

Eduardo Guimarães

Sim, claro, podem divulgar.

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Após receber a mensagem escrevi várias notas no próprio Facebook e no Twitter, mas tenho que escrever sobretudo aqui, onde se concentra a maioria das pessoas que leem o que escrevo.

A crítica que faço ao governo Dilma, portanto, é a de não enfrentar uma situação particular do Brasil que faz do nosso país uma republiqueta no que diz respeito à comunicação eletrônica de massas.

Segundo a nota do FNDC, o secretário-executivo do Ministério das Comunicações comunicou à entidade que estão suspensas as tratativas sobre o início dos debates sobre o novo marco regulatório das comunicações por conta de estarmos em “período pré-eleitoral”.

Como é que é?! Quer dizer que políticas públicas de interesse do país estão submetidas à agenda eleitoral do governo que está sendo considerada UM ANO E OITO MESES antes da próxima eleição?!

Não foram Reinaldo Azevedo, Ricardo Noblat ou Eliane Cantanhêde que disseram isso, foi o secretário-executivo do MIniCom. Ele, indiretamente, acusou o governo Dilma de conduzir as políticas públicas do país ao sabor de seus interesses político-eleitorais.

Vejam que não se trata de pedir envio do marco regulatório ao Congresso em período que um membro do governo diz que é “pré-eleitoral”. Trata-se da abertura de debates sobre o tema. O governo acha que simplesmente debater o assunto irá interferir no processo eleitoral de… 2014!

É uma brincadeira. Só pode ser.

Só quero lembrar ao governo Dilma uma coisa: vocês sabem muito bem que nunca os procurei para nada. Faço o que faço aqui neste Blog por absoluta convicção de que o país está sendo bem governado, na medida do possível, e de que grupos de interesse tentam interromper os avanços sociais, econômicos, tecnológicos, culturais e políticos que o país experimenta.

Nunca pedi nada nem ao governo Lula, nem ao governo Dilma porque eu não quero pedir, quero dar minha contribuição pessoalmente desinteressada para sustentar um projeto político exitoso por quase todos os ângulos que se olhe, menos pelo ângulo da civilização das comunicações eletrônicas no país.

Nessa questão das comunicações, no entanto, o que se vê é exatamente o que se veria se o governante fosse José Serra ou Marina Silva, respectivamente o segundo e o terceiro colocados na eleição presidencial de 2010.

Até posso entender a visão de que ainda não existem as condições ideais, sobretudo no Congresso Nacional, para apresentar um projeto de lei contendo um arcabouço legal igual ao de Estados Unidos, Alemanha, França, Inglaterra, Dinamarca, Suécia, Suíça, Bélgica, Argentina, Venezuela, Equador, Bolívia, entre outros. Mas não querer nem discutir?

O governo Dilma Rousseff está cometendo um erro muito grave. Falta ambição em democratizar de fato o país, e este país só será democrático de fato e de direito quando um grupelho político que não enche um cinema não puder mais usar concessões públicas de rádio e televisão para tentar vender ao país a sua ideologia e os seus interesses políticos, pois o espectro eletromagnético, por onde trafega a comunicação eletrônica, pertence a todos, não a meia dúzia.

Devo concluir fazendo uma confissão. Estou cansado de lutar, de pôr dinheiro e tempo neste Blog para apoiar o projeto político que abracei e, apesar dos meus esforços em forma de ações concretas, ver o governo ficar lambendo seus algozes.

Ano que vem, muito poucos podem imaginar o uso criminoso que será feito de concessões públicas de rádio e televisão para os mesmos coronéis midiáticos tentarem, mais uma vez, colocar algum despachante tucano no Palácio do Planalto.

Enquanto isso, o governo pelo qual tenho trabalhado tanto diz, não a mim, mas a grupos que tentam apenas abrir o diálogo que ele, governo, não está disposto nem mesmo a conversar. Troca, pois, os amigos por inimigos que tudo farão para usar o que é de todos em benefício de um grupelho político-partidário. Isso só poderá dar porcaria. Quem viver, verá.