O próximo Datafolha
Quem leu a ombudsman da Folha de São Paulo, Suzana Singer, no domingo já sabe o que esperar da pesquisa Datafolha do próximo fim de semana. Confiando na argumentação da “margem de erro”, Singer tenta “explicar” as diferenças dos números para os outros três grandes institutos – Ibope, Sensus e Vox Populi, que colocam Dilma à Frente de Serra.
Segundo a ombudsman, “os resultados não são tão diferentes se a margem de erro for levada em conta”, pois, “no limite do Datafolha, Serra teria 35% e Dilma 38%”, e, no Ibope, “o tucano estaria com 36% e Dilma com 37%”. E como não dá para fazer esse cálculo enviesado com os números de Sensus e Vox Populi, ela não faz e nem diz por que.
A ombudsman também especula, em busca de “explicações”, que o Datafolha poderia estar “atrasado” em relação aos números dos outros institutos – uma semana de atraso.
Segundo Singer, quando o instituto de pesquisas do patrão foi a campo não teria ocorrido ainda um crescimento de Dilma que o Ibope captou uma semana depois. Novamente, a moça esquece de Sensus e Vox Populi, que anunciavam a ultrapassagem de Serra por Dilma antes e continuaram anunciando depois.
A ombudsman de mentirinha ainda diz que “militantes mais exaltados” do PT “preferem acreditar que Datafolha e Folha são uma entidade única a favor do PSDB” e rejeita a acusação dizendo que o instituto é “uma empresa à parte”, apesar de ter o mesmo dono e de ser o único que dá vantagem a Serra sobre Dilma.
Estamos às portas de um momento crucial. Terça-feira da semana que vem começa o horário eleitoral na tevê. Seria desastroso para Serra chegar atrás de Dilma a esse ponto, de forma que o Datafolha deve registrar novo “empate técnico” alegando que ocorreu por conta do debate de quinta-feira passada, que colunistas do PIG estão dizendo que foi vencido pelo tucano “por pontos”.
Que ninguém se iluda, a Folha acha que não há como ser condenada pelo crime eleitoral de falsificação de pesquisas devido a dificuldades que acredita existirem para provar que tenha sido cometido. Além do que, o grupo empresarial da família Frias sabe que a investigação na Polícia Federal pedida pelo Movimento dos Sem Mídia não caminhará tão rapidamente e, assim, aposta na eleição do tucano para bloqueá-la.
Há muito em jogo nesta eleição. Um país enriquecido, com negócios imensos para fazer com petróleo, montado em centenas de bilhões de dólares de divisas, com a economia “bombando”. Um prato cheio para quem sonha voltar ao poder para terminar o que FHC não terminou no âmbito da privataria, ou seja, queimar patrimônio público e sumir com o dinheiro.
E se os grupos Folha, Estado, Abril e as Organizações Globo acreditam firmemente que estão acima das leis e das instituições, eles têm até boas razões para isso…
Já o Ibope, não tem a condição de ousar que tem o Datafolha. Apesar das ligações que tem com a Globo, é uma empresa à parte e não tem como estar seguro de que será protegido de uma investigação da Polícia Federal. Ousar como o instituto de pesquisas dos Frias é aposta muito alta para Carlos Augusto Montenegro.
Mas, vejam só, que a representação do MSM isolou o Datafolha. Não é pouco.
O instituto de pesquisas da Folha só deverá começar a publicar números reais quando a eleição estiver mais próxima, exatamente como aconteceu em quase todas as eleições na Venezuela nos últimos anos – os institutos de pesquisa da oposição só se ajustaram à realidade a poucas semanas do escrutínio das urnas.
Apesar de o grupo empresarial da família Frias achar que pode tripudiar das leis, do direito e da democracia ao tentar ludibriar um país inteiro com falsificações grosseiras de sondagens da vontade do eleitorado, só quero que fique bem registrado que eu, Eduardo Guimarães, avisei ao Grupo Folha que ele teria que responder na Justiça pelo que está fazendo.