São Paulo tem o dever de livrar o Brasil de um sociopata
Segunda-feira, 15 de outubro de 2012. Recomeça o horário eleitoral para os candidatos que disputarão em segundo turno o cargo de prefeito em diversas cidades. Em uma delas, porém, o que está em jogo é muito mais do que possa haver em qualquer outra parte do país.
São Paulo, a maior metrópole da América do Sul e uma das maiores do mundo, padece do próprio gigantismo e de contrastes sociais geradores de criminalidade, de esgotamento dos serviços públicos e, acima de tudo, de iminente colapso da mobilidade urbana.
Nas próximas duas semanas, na capital paulista, será travado um combate que, se chegar a bom termo, interessa a todo o Brasil porque pode debilitar eleitoralmente, no futuro, um político que constitui ameaça ao país por conta do estado de suas faculdades mentais.
A campanha eleitoral de 2010 mostrou muita coisa sobre José Serra ao Brasil, mas a de 2012 está tratando de mostrar quem ele é ao reduto eleitoral que tem sido responsável por sua sobrevida política, apesar de, nacionalmente, já ter perdido maior importância.
O que vai despertando São Paulo para os fatos sobre Serra é a progressiva tomada de consciência da maioria do povo da cidade de que o desastre no qual está submersa decorre dos meios que deu a esse homem para piorar a sua vida ao votar em seu títere, Gilberto Kassab, o prefeito paulistano mais mal-avaliado desde Celso Pitta.
Se o atual alcaide paulistano atua mal, porém, não se pode atribuir culpa só a ele, até porque segue a linha herdada da administração relâmpago que Serra perpetrou contra a cidade antes de abandonar um mandato popular que prometera cumprir até o último dia.
A mentira compulsiva e descarada e a ausência de constrangimento ao ser flagrado mentindo é outro sintoma eloquente da sociopatia, assim como a deslealdade, a tendência a golpes baixos, a ojeriza a ser contrariado, a arrogância, o autoritarismo…
Serra é, basicamente, um engodo midiático. Odiado pelos jornalistas por tratar como inimigo qualquer um que lhe faça uma pergunta incômoda, estabeleceu acordos – não se sabe de que tipo, ainda que seja de imaginar – com donos de impérios de comunicação que, ao longo da década passada, dispuseram-se até a demitir jornalistas que ousassem questioná-lo.
Os golpes baixos contra adversários se tornam escandalosamente evidentes já a partir de 2010, quando lança mão de picaretas exploradores da fé religiosa do povo para tentar imputar à então adversária Dilma Rousseff a pecha de “abortista”
Ainda naquela campanha, a mitomania reaparece e o país descobre que Serra e sua mulher foram autores de ao menos um aborto, o que não os impediu de acusarem Dilma do que eles mesmos praticaram.
Vale sempre esclarecer que não se considera, aqui, que ter abortado desqualifica Serra ou sua mulher; o que os desqualificou foi fazerem à adversária acusação de prática que não sabem se ela adotou, mas que eles adotaram.
A mitomania não está presente só na promessa descumprida ou na atribuição a outrem da prática abortiva. Desta vez, esse político perigoso – pelo apoio que recebe da mídia – lança mão de novo de fundamentalismo religioso atribuindo a adversários o que também já praticou.
Serra, com seu discurso fundamentalista-religioso fajuto, vem contribuindo para aumentar os casos de homofobia violenta em São Paulo ao espalhar que seu adversário pretenderia levar crianças a se tornarem homossexuais por meio de um “kit-gay”.
O conceito “gay”, então, cria, para a população, a imagem de uma ameaça, quando, em verdade, é apenas uma parte da natureza humana. Ainda assim, Serra insiste em caricaturar homossexuais, com as conseqüências que todos conhecem…
Agora, porém, descobre-se que, quando Serra governou o Estado de São Paulo, algum resquício de lucidez em sua equipe de governo gerou material para as escolas combaterem a homofobia violenta, que vai explodindo nesta parte do país.
Não, Serra não é moralista. Condena o aborto, mas pratica; condena a produção de material contra discriminação por orientação sexual, mas seu governo produz material análogo. A mitomania é um sintoma da sociopatia, como já disse.
O uso da imprensa aliada – sabe-se lá em que bases – para criminalizar adversários através de jogadas forjadas constitui outro traço do sociopata. O uso de jogadas desleais contra quem se interponha no caminho de pacientes desses distúrbios comportamentais, é um padrão.
Assusta que um candidato que passou o primeiro turno inteirinho só tratando de acusar os adversários, recusando-se a discutir a administração que a população paulistana rejeita e pela qual ele é responsável, só agora apresente um programa de governo.
Habituado a ser blindado pela mídia contra questionamentos, Serra nem se preocupa mais com essas contradições. Para que apresentar programa de governo se os meios de comunicação estão a ecoar seus arreganhos homofóbicos e moralistas?
Seja como for, as pesquisas sobre o segundo turno em São Paulo já mostram que o trauma que a gestão Serra-Kassab impôs à cidade fez despertar uma boa parcela de sua população que se dera ao luxo de comprar seus factóides midiáticos, mas que parou de comprar.
São Paulo criou essa aberração política revestida de hipocrisia e estufada de embustes ideológicos e a mesma São Paulo, agora, terá como se redimir dando um sonoro não a um político que é pernicioso por razões que ele mesmo parece desconhecer.