A discordância no Blog
Há mais de sete anos esta página vem travando embates políticos e ideológicos por meio da produção de contraponto ao noticiário política e ideologicamente monocórdico dos grandes meios de comunicação e também por meio de ações concretas como manifestações políticas em espaços públicos e até medidas judiciais.
Este, portanto, não é um espaço puramente jornalístico, ainda que contemple o jornalismo ao menos na linguagem.
O Blog da Cidadania tampouco é um espaço partidário, pois não mantém vinculação direta com partido algum, apesar de já ter se unido ao PT em questões específicas, sobretudo durante processos eleitorais, quando o que está em jogo é tudo o que sabem os que apoiam o projeto de país em curso.
O signatário desta página, diante das premissas acima, considera da mais alta relevância os comentários apostos ao que aqui é publicado. E não só por aspectos políticos e ideológicos, mas também pelo lado pessoal, pois o blogueiro já dividiu com seus leitores aspectos de sua vida privada em momentos difíceis, o que fez de cada leitor um amigo, no mínimo.
Os embates políticos, obviamente, não permitem que os discordantes integrem esse contingente de pessoas que passei a considerar como uma espécie de segunda família. E o que é pior: devo reconhecer que isso ocorre também por minha culpa, minha máxima culpa, pois o calor dos embates políticos acaba inviabilizando um debate em melhor nível.
E é claro que tampouco ajuda que esses discordantes também se esqueçam da convivência de anos e também percam a paciência.
Administrar o exercício da discordância neste Blog, portanto, é o grande desafio. Tento fazer isso permitindo o contraditório positivo, aquele que propõe questões sérias para questionar o que aqui se defende ou combate, já que aqui tampouco se fica em cima do muro.
Infelizmente, o bom contraditório é raro. Via de regra, o discordante chega desqualificando os que comungam com as ideias aqui defendidas ou combatidas, mesmo que seja sutilmente. Há casos, aliás, em que a pessoa chega chutando a todos com uma saraivada de insultos e termina instando seus alvos a se manterem civilizados com as “palavras amorosas” que acaba de lhes dedicar.
É difícil encontrar hoje uma página de política na internet em que não predomine uma facção, conforme a orientação do autor dessa página. Na verdade, não existe página da internet que trate de política e que possa se dizer “isenta”. Há casos em que há (má) dissimulação da tendência, o que considero desonesto com o leitor.
Ainda assim, as páginas com pretensões de fazer puramente jornalismo podem dar espaço aos divergentes mesmo quando tratam, apenas, de fazer propaganda ou luta política de acordo com as próprias preferências. Já no caso daquele tipo de site que tem objetivo declarado e honesto de militar politicamente, não há muito sentido em dar espaço a esse tipo de comentários.
Um passo importante para encontrar, aqui, alguma fórmula de conviver com a divergência é permitir a do tipo que acrescenta alguma coisa, que tem fundamento inegável, pois aí se trata de ser honesto com o leitor.
Por exemplo: se for publicada informação desabonadora sobre um político que seja falsa e um leitor discordante conseguir provar, por A mais B, que assim é, torna-se minha obrigação lhe dar espaço, se for respeitoso. E mesmo se for grosseiro ou insultuoso estou obrigado, ao menos, a corrigir o erro mesmo sem publicar o comentário de quem o detectou e comprovou.
O blogueiro confessa que vem incorrendo em um erro em prol de um “espírito democrático” exagerado que termina por causar mais mal do que bem. Tenho publicado comentários de gente que vem fazer proselitismo ou ataques políticos deliberados inclusive com a intenção de provocar, de forma a arrancar uma reação impaciente e grosseira de minha parte ou dos leitores concordantes e eu, mesmo sabendo disso, dou espaço e até me envolvo em bate-bocas com essas pessoas.
Afinal, todos somos humanos e em determinados dias alguma questão pessoal pode interferir na paciência de Jó que é preciso ter para lidar com algumas figuras que usam a tática da saturação e da repetição interminável de questões já respondidas. Isso sem falar que uma pessoa chega a assumir vários nomes de homens e de mulheres para simular uma grande discordância.
O sistema do Blog permite identificar quando uma pessoa muda de nome e até de sexo para postar mensagens, mas dá um pouco de trabalho fazer essa aferição e, assim, frequentemente acabo dando a mesma resposta a uma mesma pessoa, que se torna várias com esse estratagema.
Isso me toma tempo, atrapalha minha outra atividade profissional (comércio exterior) e, assim, tira-me a paciência, pois, ao contrário da maioria dos outros blogs mais conhecidos, administro o Cidadania sozinho e ter que ficar respondendo a provocadores para ser “democrático” prejudica a minha vida.
Imagine você, leitor, o que é ter que ler centenas de comentários todos os dias – um a um –, escrever posts elaborados e, ainda por cima, administrar uma outra atividade complexa como a que citei acima. Muitas vezes estou ao telefone resolvendo problemas profissionais ou pessoais e entra um comentário cheio de palavrões, insultos…
Não é mole.
Os comentários inteligentes e argumentativos, leio e publico com prazer. Mesmo quando são discordantes.
O que não dá mais para publicar são os insistentes que tentam estender polêmicas ao infinito mesmo quando se travestem de “educados”. Assim, o sujeito chega a me envolver em uma troca interminável de mensagens de forma a me cansar e me tirar do sério para conseguir alguma frase minha que possa espalhar por aí para me dizer “destemperado”.
Em verdade, sou muito paciente. Ocorre que ter paciência com um, com dois, com dez, é uma coisa. Mas são centenas todos os dias, entre leitores sérios e provocadores baratos. Isso porque não entram comentários só no último post, mas em anteriores. Quase todos os dias chegam comentários a posts publicados há uma semana, há um mês, há um ano ou mais.
Todavia, publicar só quem concorda comigo sempre me incomoda. Sou um polemista por natureza. Gosto do contraditório. Dessa maneira, finalmente cheguei a uma fórmula que quero submeter à apreciação do leitorado desta página.
Trata-se de uma fórmula que já tinha anunciado – em parte –, mas que fui flexibilizando até deixar de usá-la. Agora, porém, será adotada de novo e será seguida rigorosamente.
– A partir deste post, provocações não serão publicadas. Sobretudo se contiverem insultos.
– Proselitismo político em favor de correntes político-ideológicas divergentes daquela que o Blog abriga, tampouco serão aceitas – fazê-lo é como deixar que corintianos e palmeirenses ocupem o mesmo setor em um estádio.
– Divergências só serão aceitas quando contiverem fatos concretos. Divergência política é divergência de opinião, não um fato. Assim, se o discordante tiver algo de concreto a relatar seu comentário será aceito.
– Palavrões não serão aceitos. Sejam de quem forem. Muitas pessoas se sentem atingidas por palavrões mesmo quando vêm de alguém que diz algo com que concordam.
– Considerações negativas sobre o blogueiro tampouco serão aceitas. Quem quiser ser publicado tem que aludir a temas de interesse público, mesmo se não forem o tema do post. Mas se for feita alguma consideração agressiva a este que escreve, não será publicada.
É claro que divergência bem-intencionada é diferente. Vou dar um exemplo: no post anterior, no qual tratei de um suposto “envenenamento” de Hugo Chávez, leitores sérios e até concordantes discordaram de premissas que usei e apresentaram fatos para discordar. É mais do que cabível publicá-los.
Contudo, não vou ficar mantendo um debate interminável, pois não tenho condição. O leitor apresenta sua discordância, eu respondo – ou não – e fim. Garanto que é mais do que muitos blogueiros por aí permitem.
O que se quer, assim, é melhorar o nível do debate neste que é, acima de tudo, um fórum de debates.
Por fim, essa ainda é uma proposta. Imagino que possa conter defeitos, de maneira que apreciarei a sua colaboração, leitor, no sentido de sugerir outras medidas ou modificação das que foram propostas. Dentro de um debate bem-intencionado, toda colaboração é bem-vinda. Até porque, posso estar enganado.