Swiss Leaks: Globo prefere entregar barões da mídia mortos a entregar tucanos
Quando você pensa que viu de tudo, por mais que já tenha vivido descobre que, da missa que é a vida, ainda não sabe um terço. A mídia é tão tucana, mas tão tucana que prefere entregar a si mesma do que entregar aqueles que precisa preservar em nome dos “bons serviços” que lhe prestam.
A divulgação por O Globo de nomes de proprietários de meios de comunicação ou de jornalistas que já morreram ou que ainda estão vivos e tiveram conta no HSBC suíço e não têm mais, ou que têm contas há muito tempo na instituição que hoje estão inativas, não passa da velha estratégia de entregar os anéis para preservar os dedos.
A divulgação desses nomes causou furor na mídia alternativa, mas, a rigor, a descoberta de que barões da mídia como o velho Octavio Frias – morto há quase uma década – mantinham recursos em contas no exterior não significa muita coisa, apesar de ser tentador dizer “Está vendo, eles tiveram dinheiro na Suíça”.
Primeiro porque não se sabe se essas contas foram ou não declaradas ao fisco brasileiro. Se foram – e este Blog suspeita de que foram –, o máximo que se poderá questionar é por que um “respeitável empresário” mantém dinheiro fora do país.
Nos próximos dias ou semanas, não será surpresa se for anunciado que as contas em questão foram declaradas ao fisco brasileiro, afastando parte da suspeita que ter conta na Suíça gera automaticamente.
Em seguida, os citados que estão vivos ou os descendentes dos que morreram argumentarão que grandes empresários terem dinheiro no exterior declarado ao fisco “não tem nada demais”, porque empresários como esses vivem no exterior e podem precisar ter dinheiro à mão para negócios ou lazer.
Escreva aí, leitor, o que acaba de ler…
Ao fim e ao cabo, esses “empresários de mídia” que O Globo “denunciou” acabarão com um atestado de probidade.
Ocorre que boatos sobre “novidades” que o compartilhamento da lista de correntistas do HSBC com o jornal carioca O Globo iria gerar já vinham circulando. Na noite da última sexta-feira, por exemplo, mais de 12 horas antes de O Globo se autodenunciar, o autor desta página divulgou nas redes sociais que estavam chegando “novidades” sobre o Swiss Leaks.
Vale dizer que esse não chega a ser nenhum segredo de Estado. Até a mídia e os tucanos sabem que os malabarismos do antes guardião exclusivo dos segredos sobre o braço brasileiro do Swiss Leaks, Fernando Rodrigues, do UOL, se devem ao potencial explosivo dessa lista para a direita midiática.
Porém, as informações que circulam mui em off, como se lê nos posts no Twitter e no Facebook reproduzidos acima, teoricamente são mais do que boatos. Há informações de que as surpresas com nomes de correntistas do HSBC suíço não vão se esgotar com os anéis que os barões da mídia entregaram.
Mais do que proprietários de grandes veículos de mídia e dos rottweilers que os servem, há nomes que não podem aparecer na mídia neste momento em que a mídia leva a cabo sua decisão de derrubar Dilma mesmo que o PSDB e o empresariado não queiram.
E vale a digressão: sim, o PSDB não quer que Dilma caia agora porque herdará um pepino. Terá que adotar medidas duras e arcar com as consequências pelos próximos quatro anos. Aí vem Lula, com todo seu recall de bem-estar social, e se elege de novo.
Já os empresários não querem perder dinheiro e uma mudança brusca de governo por certo agravará ainda mais os problemas da economia.
Só quem quer derrubar Dilma e destruir o PT já, para ontem, é a mídia. Globos, Folha, Estadão e Veja, entre outros, não querem – ou não podem – mais esperar para assumir o Poder. Para assumir o poder vão precisar dos seus despachantes tucanos intactos, ou não assumem.
Se os tucanos não assumem o poder, os barões da mídia tampouco assumem, pois os joysticks que estes manejam funcionam muito melhor quando usados no PSDB.
Desse modo, leitor, você não se surpreenda se, em breve, nomes de tucanos graúdos – ou “graudíssimos”, como prefere quem sabe das coisas – aparecerem como correntistas do HSBC suíço, com suas contas sem declaração ao fisco brasileiro.