Dep. Paulo Teixeira denuncia texto falso em que PT admitiria derrota
O Blog procurou o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) para obter mais informações a respeito de vídeo de sua autoria que circula desde a noite de quarta-feira, no qual ele afirma que o governo já disporia de votos suficientes na Câmara para barrar o impeachment. Além de falar da contabilidade da votação, o deputado fez uma denúncia
Confira, abaixo, o vídeo.
O deputado, porém, já abriu a entrevista desmentindo texto que circula na internet também desde quarta-feira e que está sendo atribuído a ele. O texto afirma que o PT já aceitou a derrota na votação na Câmara que julgará a admissibilidade do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.
Além de Teixeira denunciar que o texto é falso, denuncia que a estratégia dos grupos pró-impeachment para atingirem seu objetivo é tentar desanimar a militância anti-impeachment para que não compareça aos atos públicos do próximo domingo.
Teixeira ainda avalia o que se pode esperar de um hipotético governo Michel Temer e reafirma que o governo tem todas as chances de barrar o golpe. E discrimina todos os apoios de que o governo dispõe entre os diversos partidos.
O Blog junta-se ao deputado Paulo Teixeira e orienta seu público a que despreze esse tipo de material que está circulando pelas redes “noticiando” desistência das forças governistas. As mais diversas fontes do Blog dão conta de que está completamente aberta a disputa pelo impeachment.
Os textos e vídeos falsos que circulam na internet em nome do PT afirmando que o partido desistiu de lutar porque a batalha final estaria perdida é a maior prova de que o jogo ainda não foi jogado, do contrário esse tipo de iniciativa torpe seria desnecessária. Se produzem essas farsas é justamente devido ao fato de que ainda não há nada definido.
Confira, abaixo, a entrevista do deputado.
Blog da Cidadania – Paulo Teixeira, você me falava de um texto falso que está circulando em seu nome na internet. Do que se trata?
Paulo Teixeira – Há um texto circulando em meu nome dizendo que já deu tudo errado e que a presidente Dilma tem que chamar cadeia nacional [de rádio e tevê para admitir a derrota do governo na votação do impeachment].
Foram os adversários que postaram isso em meu nome para criar um clima de desânimo [entre a militância pró governo]. Eles iniciaram uma guerra de versões, uma guerra de números. Isso só prova que não nos derrotaram, do contrário não se dariam a esse trabalho.
Peço a você que divulgue, Eduardo, que nós temos condições de vencer essa votação, até porque já alcançamos o número de votos contra impeachment suficiente para barrar o processo na Câmara. Agora, estamos tratando de consolidar e até ampliar esse número.
Também peço que divulgue a necessidade extrema de continuarmos a mobilização nas ruas e nas redes enquanto nós, parlamentares, continuamos nosso trabalho de convencimento junto aos deputados indecisos.
Neste momento, porém, a principal disputa é essa guerra de números, essa mentira de que os golpistas já disporiam de votos para aprovar o impeachment. Não dispõem.
Blog da Cidadania – Você afirma, então, que, segundo a contabilidade governista já haveria votos suficientes para barrar o impeachment
Paulo Teixeira – Sim, sim. Temos número para barrar o impeachment. Estou afirmando isso a você. E mais: nós vamos ampliar esse número de votos. Muitos deputados estão preocupados com a ruptura institucional e com a repercussão do golpe em escala mundial.
Então, escreva aí: nós vamos barrar esse golpe no domingo.
Blog da Cidadania – Você pode dizer de que partidos são os parlamentares que já se dispuseram a barrar o impeachment?
Paulo Teixeira – Ontem tivemos uma reunião da presidente Dilma Rousseff com parlamentares do PMDB, do PR, do PSB, do PC do B, do PP, PEN, do PTN, do PT, do PSD, da Rede e do PSOL.
Enfim, temos um arco muito grande de alianças contra o golpe e espalha-se pela sociedade uma consciência democrática de que um golpe como esse vai desestabilizar o Brasil, dividir o Brasil e fazer desta década uma década perdida.
É por isso que na segunda-feira, derrotado o golpe, teremos que chamar as forças estiveram nesse processo e estabelecermos uma agenda positiva para o país.
Enquanto isso, que os adversários pensem que já ganharam. Estão até escolhendo como vão dividir ministérios. Ontem, teve um deputado pró impeachment que disse que eles já escolheram quem irá ocupar o Ministério da Fazenda (o Armínio [Fraga]), o Serra quer ter poder, o Paulinho da Força [Sindical] quer ter poder, o Eduardo Cunha quer ter poder de indicar seus apaniguados para cargos no governo.
O mais bizarro é ver alguém como Eduardo Cunha dizendo que no governo que ele quer ver instalado haverá combate à corrupção. Alguém como Cunha, indiciado por corrupção, dizer isso é desmoralizante para o país.
Blog da Cidadania – Paulo, para além da questão ética, as pessoas precisam se dar conta do que representaria um governo Michel Temer. Nesse aspecto, o que o povo poderia esperar de um governo como esse se o golpe vingasse?
Paulo Teixeira – Basicamente, seria um governo de retrocesso. Seria marcado por intensa retirada de direitos. Basta ler as propostas do programa “Uma ponte para o futuro”, endossado por Temer.
Haveria terceirização indiscriminada, acabariam as vinculações para a saúde e para a Educação, haveria mudanças infinitamente mais drásticas na Previdência, enfim, agora, sim, conta iria ser enviada para os trabalhadores. Se o golpe vingasse.
Além disso, um governo Michel Temer iria privatizar a área de petróleo. Basicamente seria isso. Esse é o grande objetivo econômico do golpe, além da retirada de direitos dos trabalhadores.
[…]
A boa notícia é que está se formando uma massa crítica contra as loucuras que esse grupo golpista está pretendendo aplicar. Se após o golpe não houvesse essa agenda nefasta contrária às conquistas sociais dos governos do PT, não seria nada. Acredito que a resistência ao golpe seria menor. Afinal, ninguém quer ver o Brasil afundar porque estamos todos no mesmo barco.
Contudo, não é o que aconteceria. Se o golpe vingasse, o que tocaria fogo no país seria essa agenda nefasta. Todos os que acusaram o governo Dilma de ser “de direita” iriam descobrir, na prática, o que é um governo de direita.
O resultado de mudanças tão drásticas e prejudiciais aos trabalhadores seria um forte embate social através de sindicatos e movimentos sociais. E com o uso consequente do aparato repressivo do Estado contra quem quisesse protestar. Na prática, a guinada do Brasil à direita terminaria em uma ditadura clássica, com uma onda de prisões políticas e violações muito mais escancaradas do Estado de Direito.
Ao fim, dirijo-me a você que odeia o PT, Lula e Dilma, mas que não é rico, que precisa lutar pela sobrevivência. Esteja avisado: você não está entre os que serão beneficiados por esse golpe. E política não é futebol. Quando seu time perde, a única consequência é a gozação dos torcedores do time adversário. Na política a história é bem outra.
Você quer mesmo ser empregado terceirizado? Sabe o que isso fará com seu salário e sua carreira? Esse é só um dos exemplos de medidas que os golpistas pretendem aplicar caso vençam essa disputa. Se não for rico, se tiver que lutar pela sua sobrevivência, guarde estas palavras. Se o golpe vingar, em meses você me dará razão.