Victoria e família agradecem aos anjos da internet
Antes de adentrar o tema do post, quero pedir desculpas aos leitores por, em um momento como este – em que a democracia se encontra sob tão forte ameaça -, o Blog não estar cumprindo a missão a que se propôs há mais de uma década – defender a democracia.
O silêncio desta página sobre política nos dois primeiros dias desta semana, porém, além de terminar após este post, tem um motivo. Após meses e meses sem ter tido problemas de saúde, minha quarta filha, Victoria, entrou em uma crise violenta na segunda-feira.
Para quem está chegando agora ao Blog e não sabe, Victoria, hoje com 17 anos, é portadora de Síndrome de Rett – que, simplificando, pode ser qualificada como “paralisia cerebral”. A enfermidade de Victoria a impede de falar, andar ou ter qualquer tipo de controle intencional sobre seu corpinho de 23 kg.
Para também informar quem não conhece este espaço, toda vez que a menina adoece peço ao público desta página que a apoie com torcida e/ou orações – com efeito, este que escreve acredita na força do pensamento positivista.
Antigamente, antes do surgimento das redes sociais, fazia aqui no Blog esse chamamento pedindo aos leitores pensamentos por minha filha. Atualmente, tenho preferido o Facebook por conta da guerra política.
Explico por que tenho evitado de comentar sobre minha Victoria aqui no Blog. Coincidentemente, um dia ou dois antes de minha filha ter essa crise violenta – que vou detalhar adiante -, ela sofreu um ataque hediondo via comentário postado aqui.
Os que me têm como inimigo parecem ter uma preferência doentia por atacar Victoria. O objetivo deles é me atingir moralmente, de modo que atacar de forma bem cruel e suja uma filha doente lhes parece a melhor forma de me atingir.
Aqui no Blog é mais fácil criminosos da internet perpetrarem ataques como esse. É mais difícil identificar o agressor. No Facebook eles têm medo. É praticamente impossível escapar de crimes praticados naquela rede social. Em Blogs e sites que não requerem cadastramento para permitir comentários, como é o caso desta página, é mais fácil. Por isso evito comentar sobre ela aqui.
Mas, desta vez, creio que vale deixar registrado aqui uma coisa que aconteceu que praticamente anula os atos perversos que podem resultar do que vou escrever.
Esses ataques à minha filha costumam ser de natureza sexual – por ela ser mulher, ser doente, ser indefesa. Esse último ataque descrevia em minúcias violência sexual contra minha menina.
Confesso que, apesar de não ser a primeira vez, fiquei extremamente triste ao ver alguém descer tão baixo por uma divergência política. Olhem a foto dessa menina, acima. Quem poderia cometer tal violência contra ela? Que tipo de ser maléfico é capaz de tal vilania?
Enfim, um ou dois dias depois desse comentário asqueroso – e, obviamente, anônimo -, desperto, pela manhã, com a menina passando mal. Minha mulher e a enfermeira – Victoria tem “home care”, ou melhor, UTI em casa -, em pânico. Febre altíssima, convulsões, pressão arterial despencando – chegou a 5 por 3.
Apesar de isso (crise de saúde de Victoria) já ter acontecido muitas vezes ao longo dos últimos 17 anos, nunca me acostumo. Mas, desde 2009, quando minha filha quase partiu e, naquele momento, apelei aos leitores e ela, miraculosamente, quase que voltou da morte, toda vez que adoece peço a essas pessoas que voltem seus pensamentos para a menina.
Desta vez não foi diferente. Vejam, abaixo, a postagem que fiz no Facebook pedindo pensamentos positivos por minha filha.
Em cerca de 24 horas, 1,5 mil pessoas enviaram likes de apoio e quase 800 pessoas deixaram mensagens nesse sentido. Mensagens belas, poéticas, solidárias. Sugiro a quem tiver Facebook que, depois, leia as mensagens clicando na imagem acima. Muita gente boa, muita gente solidária.
Então, vejamos: um mísero covarde rasteja até uma lan house para postar um comentário anônimo ameaçando uma criança deficiente de violência sexual. Enquanto isso, uma multidão enorme responde com palavras e pensamentos tão lindos…
Sim, o mal existe. Mas se for essa a contabilidade da vida sobre o bem e o mal, está ótimo. Se para cada ser asqueroso como esse que atacou a minha filha existirem tantos seres iluminados quanto esses que atenderam ao meu pedido por Victoria, o mundo não é lá um lugar tão ruim. Concorda, leitor?
Seja como for, cumpre-me agradecer do fundo da alma a cada uma dessas pessoas que se interessaram pela minha menina a ponto de escreverem mensagens tão bonitas para ela. Dessa maneira, em meu nome, de minha mulher, de meus filhos e netas, agradeço a cada um que nos enviou mensagem.
Muito, muito, muito obrigado.
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PS: a partir desta quarta-feira, o Blog retoma o ritmo normal. Victoria ainda não se recuperou. Melhora, piora, melhora, piora. Mas vamos com fé. Com tantos anjos de carne e osso velando por minha filha, eu e a família estamos confiantes.