Ciro para de criticar PT pensando nos votos de Lula
Ciro Gomes tem atenuado as críticas a Lula e ao PT após o ex-presidente. Em conversa com a Frente Favela Brasil, no Rio de Janeiro, voltou a dizer que “todas as indicações” apontam para o impedimento judicial da candidatura de Lula, mas afirmou que ainda tem dúvidas sobre o comportamento do PT.
O encontro ocorreu no último sábado.
“O Lula me sombreia. Se o Lula permanece candidato, é muito improvável que eu cresça, mas eu sobrevivi e todas as indicações é que não vão deixar o Lula ser candidato”, afirmou Ciro.
No mês passado, Ciro criticou a possibilidade de o partido manter a candidatura de Lula por meio de liminares. A estratégia foi classificada pelo ex-governador como “miudice política”.
O pedetista chegou a tentar aproximação com o Partido dos Trabalhadores em fevereiro, quando se reuniu com o coordenador da campanha do PT, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad. Após a reunião, Ciro afirmou que era “mais fácil um boi voar” do que o partido de Lula apoiar alguém.
As críticas repercutiram mal no PT e provocou reação do próprio Lula. Ao comentar o episódio, o ex-presidente disse que “pela esquerda ninguém será presidente sem o apoio do PT”.
Em meio à tensão entre os dois partidos, o pedetista tem afirmado repetidas vezes que existe uma “usina de intrigas” envolvendo ele e Lula e que o PT se beneficiaria disso porque mantém o capital político do ex-presidente.
Ainda durante o encontro do último sábado, Ciro reconheceu que a experiência do PT no Planalto “teve mais coisa boa do que ruim. Porém, o que prevalece na cabeça das pessoas é o último exemplo. É o colapso do País nas mãos da Dilma e do PT na esteira de uma onda de corrupção e de moralismo, que é parte verdade, parte manipulada”, disse.
Já sobre o processo judicial que pode inviabilizar a candidatura de Lula nas eleições e abrir caminho para uma campanha mais competitiva para o PDT, Ciro sai em defesa do petista. “Ele não é corrupto. Ele pode ter facilitado. Acho até que facilitou, mas não vejo o Lula como um corrupto”, disse. “O sintoma de um presidente corrupto não é um triplex fuleiragem”, resumiu.
Ciro Gomes foi o último pré-candidato a participar da série de encontros promovidos pelo partido Frente Favela Brasil. Com base no Rio de Janeiro, o grupo foi oficializado em 2016, mas ainda não conseguiu cumprir todas as etapas exigidas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para lançar candidaturas. Os encontros com os pré-candidatos ao Planalto vão orientar a decisão do grupo sobre qual projeto eles deverão apoiar nas próximas eleições.
Ciro, durante a conversa, disse ter “absoluto compromisso” com as cotas raciais e classificou o movimento Escola Sem Partido como “aberração”.
O pedetista defende a necessidade de reformas política, tributária e previdenciária, mas disse que todas dependem de debates.
Ao analisar o quadro da disputa pelo Planalto, Ciro disse que Marina oscila do centro-direita para o centro-esquerda e está “sem achar lugar”.
Guilherme Boulos (Psol), Marina Silva (Rede) e Manuela D’Ávilla (PCdoB) foram outros pré-candidatos ouvidos. Todos do campo progressista.
Com informações de O Povo