Cientista político diz que candidato de Lula será favorito “rapidamente”
O cientista político Alberto Carlos Almeida é autor do livro “A Cabeça do Brasileiro” (Editora Record, 2007), que possui uma pesquisa reveladora e dados estatísticos de excepcional amplitude a respeito do perfil do brasileiro. Almeida é professor da Universidade Federal Fluminense.
Publicou os livros “Por que Lula?” (Editora Record, 2006); “Como são Feitas as Pesquisas Eleitorais e de Opinião” (Editora FGV, 2002); e “Presidencialismo, Parlamentarismo e Crise Política no Brasil” (Eduff, 1998).
Alberto Carlos Almeida possui doutorado em Ciência Política pelo IUPERJ; foi pesquisador visitante na The London School of Economics; e coordenou as pesquisas eleitorais e de opinião do DataUff entre 1996 e 2002 e da Fundação Getúlio Vargas entre 2002 e 2005.
Em artigo recém-publicado, ele diz, com base em pesquisas eleitorais recentes, que Lula é o “candidato anti-establishment”, ou seja, o candidato da ruptura com “tudo isso que está aí”, apesar de ter governado o Brasil por oito anos. E que, se não concorrer à eleição 2018, o substituto que indicar se tornará favorito.
Vale a leitura
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Lula é o candidato anti-establishment
Alberto Carlos Almeida
16.maio.2018 (quarta-feira) – 6h00
atualizado: 16.maio.2018 (quarta-feira) – 7h27
Recentemente uma consultoria política afirmou que a eleição de 2018 é o pleito dos candidatos anti-establishment. A julgar pela recém divulgada pesquisa CNT/MDA esse candidato é Lula.
Não estou aqui afirmando que Lula será candidato. Longe disso, estou avaliando o que representam os dados de pesquisa relativos ao nome de Lula. Vale lembrar que ele foi condenado em duas instâncias judiciais e está preso. Ainda assim, Lula lidera com folga todas as simulações de voto no qual seu nome está, tanto no 1º quanto no 2º turno.
Além disso, segundo a mesma pesquisa, a rejeição do líder petista, isto é, a proporção dos que afirmam que não votariam nele de jeito nenhum, é menor do que vários políticos que sequer réus são, dentre eles podemos listar, em ordem crescente de rejeição, Bolsonaro, Rodrigo Maia, Alckmin e Marina.
O nome de Lula é tão forte quando colocado na pesquisa que, quando está ausente, os votos brancos e nulos aumentam bastante.
Portanto, se unirmos a afirmação da consultoria política, de que se trata de uma eleição anti-establishment, e se interpretarmos a força eleitoral de Lula, mesmo depois de preso, podemos afirmar, repito, que Lula é, (seria, melhor dizendo), o candidato anti-establishment. Vai ver que ele está preso justamente por causa disso.
Chama atenção na pesquisa CNT/MDA que as rejeições de Haddad, Ciro e Lula, os 3 candidatos de centro-esquerda e de oposição ao governo Temer, são todas menores do que as rejeições de Bolsonaro, Rodrigo Maia e Alckmin, os 3 candidatos de centro-direita e que apoiaram o impeachment de Dilma e, consequentemente, o Governo Temer.
Podemos dizer de forma resumida e ilustrativa que os candidatos vermelhos têm menos do que 50% e os candidatos azuis mais de 50%.
Se considerarmos apenas os nomes de Fernando Haddad e Geraldo Alckmin vemos que a rejeição do primeiro é de 46% e a do ex-governador de São Paulo 56%. Uma diferença de 10 pontos percentuais.
Recordemos que o 2º turno da eleição de 2014 foi ganho por Dilma com a magra vantagem e pouco mais de 3 pontos percentuais. Assim, um eventual segundo turno entre Haddad como candidato do PT e Alckmin do PSDB, a julgar pela rejeição de ambos, teria no candidato do PT o favorito, com sobras.
Lula, o candidato anti-establishment, tende a não poder ser candidato. É possível que sua candidatura venha a ser registrada e depois impugnada pelo Tribunal Superior Eleitoral com base na lei da ficha limpa. Isso acontecendo, e Lula estando preso, ele enviará uma carta da prisão indicando um candidato que seja do PT.
Iludem-se aqueles que acham que o PT e Lula apoiarão a ego-trip de Ciro Gomes. Considerando-se a grande organicidade do PT de um lado, e de outro o fato de Ciro estar em seu sétimo partido (até agora, claro), o ex-governador do Ceará não é confiável para os petistas. Assim, na carta de Lula provavelmente estará um dos seguintes nomes: Fernando Haddad, Patrus Ananias ou Jaques Wagner.
O que acontecerá em seguida surpreenderá todos aqueles que não leram esse artigo, o candidato do PT subirá rapidamente, em uma ou duas semanas, graças aos votos dos pobres e, em particular, da região Nordeste.
É provável que esse candidato diga, em seu horário eleitoral gratuito, em entrevistas e debates, que tudo feito pelo Governo Temer será mudado. Adicionalmente, ele afirmará que o PSDB apoiou o Governo Temer, assim como Bolsonaro e outros eventuais candidatos azuis. Como o governo tende a se manter muito rejeitado até as eleições, o indicado por Lula se tornará o favorito para vencer.