A covardia de Bolsonaro não surpreende. E mais está por vir
Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, o presidente do partido de Jair Bolsonaro (PSL) e braço direito do candidato, Gustavo Bebianno, disse nesta quarta-feira (22) que a campanha “reavalia” a participação do presidenciável nos próximos debates na TV.
“Ele está de saco cheio desses debates inócuos, que não levam a nada. Não sabemos se ele vai aos outros. Tem 40%, 50% de chance de não ir”, afirmou. Bebianno criticou o formato dos confrontos, que nivelariam os postulantes “por baixo”. “Tem fórmula milagrosa para tudo. Ganha quem mente mais.”
Aham. Oras, conte outra!
A frase de Bebianno é uma boa notícia: demonstra que Bolsonaro vem perdendo votos, à medida que se expõe nos debates. Novidade nenhuma, evidentemente.
Quem é do campo progressista e dá valor, minimamente, ao bom senso, sempre soube da estupidez do candidato. Em vários sentidos. Trata-se de uma pessoa despreparada não só do ponto de vista cultural e técnico. Ele tem imensas dificuldades nas relações humanas, apresenta um discurso violento (que revela muito do seu caráter e, principalmente, do fel que lhe preenche a alma). É uma pessoa infeliz.
E isso reflete em tudo o que ele faz. Quando aborda qualquer assunto, fala de maneira infeliz. Não tem vergonha da própria ignorância – ao contrário, decora frases de efeito e sai metralhando-as fora de contexto, aumentando o tom de voz pra ver se ganha no grito. Não ganha.
Bolsonaro está catalisando a infelicidade das pessoas. E só. Ele atrai eleitores pelo discurso do ódio e do medo e pela propagação de mentiras (como aquela história bizarra de que o MEC iria ensinar crianças pequenas a fazer sexo).
Acho que o melhor remédio para gente como ele desaparecer do cenário político é o Brasil se empenhar em trazer de volta a democracia e o desenvolvimento.
A crise, o desemprego, o fel nas redes sociais, as mentiras da grande imprensa e a desesperança aumentam o grau de infelicidade das pessoas de tal maneira que gente como esse boçal acaba conseguindo atrair seguidores.
Bolsonaro não é parlamentar, porque nunca exerceu com dignidade esse cargo. Não é candidato, porque candidatos apresentam ideias próprias e têm propostas. Não é, sequer, gente, porque seu grau de humanidade é inversamente proporcional ao seu comportamento xenofóbico, homofóbico, racista, machista e misógino.
Essas eleições são uma grande oportunidade para que os eleitores vejam o nível de estupidez e covardia de Bolsonaro. Valente pra berrar e atacar pessoas e grupos vulneráveis, mas veloz (como o Papa-léguas!) para fugir de embates substanciais.
No fim das contas, Bolsonaro não passará de onde está nas pesquisas. Se ele continuar aparecendo nos debates da TV, perderá mais votos. Se não aparecer, vai estagnar ou perder votos também, porque seus valentes eleitores vão ficar “pistola” com a covardia.
É o que ele merece.
Meire Cavalcante é jornalista, mestre e doutoranda em educação e editora do Blog da Cidadania.