Candidatos nanicos compram audiência no Facebook
Com dinheiro de sobra e intenções de votos de menos, o ex-ministro da Fazenda aposta na segmentação por meio de postagens pagas no Facebook para tentar aumentar sua popularidade.
A rede social vende o impulsionamento de publicações, sejam elas textos, fotos ou vídeos, para públicos específicos, usuários que não precisam necessariamente ter curtido ou estar seguindo a página do candidato.
Quem paga pode direcionar seu conteúdo para o público de acordo com gênero, idade, região do país e interesse.
Além de Meirelles, outros dois dos 13 candidatos à Presidência investem na mesma estratégia: Guilherme Boulos (PSOL) e João Amoêdo (Novo).
O candidato do MDB é quem mais gastou com as publicações direcionadas. Até está terça (28) tinham sido 192 posts impulsionados.
A assessoria do candidato não divulgou quanto o ex-ministro já gastou com a rede social. A Folha estima, baseada em informações disponibilizadas pelo Facebook, que a candidatura desembolsou, no mínimo, R$ 102.900 com a estratégia.
Uma única publicação, que divulga o plano de governo do emedebista, direcionada a 1 milhão de pessoas que moram no Rio de Janeiro, entre 25 e 54 anos, custou R$ 10 mil.
Nenhum post de Meirelles faz menção ao atual presidente Michel Temer. No entanto a reportagem localizou dois vídeos em que o candidato vincula sua imagem ao ex-presidente Lula (PT). “Fui chamado pelo Lula e criamos 10 milhões de empregos”, diz o candidato.
Apesar do investimento, o emedebista não viu sua popularidade crescer consideravelmente. Ele teve um aumento de 4% em curtidas na sua página oficial no Facebook desde o início da campanha eleitoral, em 16 de agosto.
Com R$ 377 milhões declarados, Meirelles é o segundo candidato com maior patrimônio entre os presidenciáveis. Perde apenas para João Amoedo, com R$ 425 milhões. O emedebista doou R$ 20 milhões para sua própria campanha.
Com estratégia mais conservadora que a do emedebista, sem memes fabricados e com menos direcionamento em mensagens, Amoêdo também investe nas redes sociais.
O candidato do partido Novo gastou R$ 29 mil com o impulsionamento de 18 publicações no Facebook.
Segundo Daniel Guido, coordenador de mídias digitais da campanha de Amoêdo, as postagens escolhidas para impulsionamento são aquelas que já estão indo bem sem o pagamento.
“Hoje, de 15 a 20% das interações da página do Amoêdo vêm dos posts impulsionados. Não trabalhamos com segmentos muito específicos, preferimos direcionar por regiões e para amigos de pessoas que já curtam as páginas do partido Novo e do João Amoêdo”, afirma.
Segundo a ferramenta Crowdtangle, desde o início da campanha eleitoral, Amoêdo viu sua página no Facebook receber mais de 600 mil curtidas (quase 50 mil por dia), um crescimento de 43% em relação ao início da campanha.
O terceiro candidato que tem utilizado a segmentação é Guilherme Boulos (PSOL). Segundo Natalia Szermeta, uma das coordenadoras de comunicação da campanha, a estratégia do Facebook ainda está em fase de testes.
Até agora, Boulos fez o impulsionamento de 33 publicações, direcionadas a públicos menores, que lhe custaram, segundo informação divulgada pelo Facebook, pelo menos R$ 13 mil.
“Não esperamos que isso se transforme em votos, mas acreditamos que dessa forma vamos divulgar mais as nossas ideias para pessoas que já são interessadas em nossas pautas. Nossa campanha é nas ruas”, afirmou Szermeta.
Segundo pesquisa Datafolha, de 22 de agosto de 2018, Henrique Meirelles e Guilherme Boulos têm 1% das intenções de voto cada um, no cenário com Lula candidato. Sem o ex-presidente, preso em Curitiba, o emedebista fica com 2% e o candidato do PSOL segue com 1%. João Amoêdo tem 2% da preferência do eleitorado em ambos os cenários.
Da FSP.