Lewandowski sofre cobrança pelas mordomias do Judiciário
O debate sobre privilégios do Judiciário foi parar na sala de aula de Ricardo Lewandowski, do STF. Ele foi cobrado pelas regalias pagas a juízes por um aluno que relatava as péssimas condições em que vive na Casa do Estudante, o alojamento da Faculdade de Direito da USP. O rapaz sugeriu que o ministro fizesse uma doação no valor do auxílio-moradia à reforma do prédio e disse que ele precisa entender que não só filhos de magistrados estudam ali, mas também os “do porteiro e da empregada”.
Segundo relatos, o aluno pediu a palavra a Lewandowski para anunciar a criação de um fundo para melhorias no edifício precário que abriga estudantes que não têm onde morar. Durante a fala, ele questionou o dinheiro gasto com regalias do Judiciário e voltou as baterias contra o auxílio-moradia.
O jovem disse que um mês de auxílio-moradia (R$ 4.377) seria o suficiente para custear as bolsas de dez alunos pobres da faculdade e exortou o ministro a convencer os colegas de corte que estudaram na São Francisco a doarem o valor do benefício ao fundo pró-alojamento.
Lewandowski não interrompeu o estudante. Só ao final explicou que ministros do Supremo não recebem auxílio-moradia. Ele fez questão de detalhar a remuneração que recebe –o salário, que defendeu estar defasado, e eventualmente compensações por viagens.
O ministro dá aulas na USP há mais de 40 anos. Esta não é a primeira vez que é interpelado em sala. Ele costuma dizer que o debate é típico do ambiente acadêmico e deve ser estimulado.
Com informações da Folha de S. Paulo.