Amigos de agressor de Bolsonaro explicam pagamento de advogados

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O advogado Zanone Manuel de Oliveira Júnior, que defende Adelio Bispo de Oliveira, 40, o autor da facada contra Jair Bolsonaro (PSL), afirmou que a defesa está sendo paga por alguém que conhece Bispo por meio da religião e quis ajudar.

O contratante, que pediu para ter sua identidade preservada pelo advogado, é da região de Montes Claros (MG), cidade de origem do agressor.

“É filantropia”, disse Oliveira Júnior, afastando boatos de que partidos políticos estivessem por trás de sua contratação. “Eu não sei por meio de qual igreja eles se conhecem. Adelio tem conhecidos que são Testemunhas de Jeová, mas não tenho certeza se a pessoa que me contratou é Testemunha de Jeová.”

Além de Oliveira Júnior, outros três advogados atuam no caso: Fernando Costa Oliveira Magalhães, que trabalha com Oliveira Júnior em Belo Horizonte; Marcelo Manoel da Costa e Pedro Augusto de Lima Felipe e Passa, que também são associados de Oliveira Júnior, com atuação em Barbacena (MG), cidade próxima de Juiz de Fora (MG).

Oliveira Júnior é especialista em casos de homicídio e atuou na defesa do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, condenado pelo assassinato de Eliza Samudio, e na defesa de Vitalmiro Bastos de Moura, condenado pela morte da missionária Dorothy Stang.

Segundo Oliveira Júnior, ele foi procurado pessoalmente por um intermediário da pessoa que o contratou. A partir daí, convidou os demais advogados para atuarem com ele. A banca foi paga para defender Bispo durante a fase de inquérito, mas espera ser contratada também para a fase processual, depois que o agressor for denunciado à Justiça.

“Parece que estão organizando vaquinhas na igreja, por meio de grupos de WhatsApp, para o pagamento também no processo”, disse Oliveira Júnior.

Bispo foi preso em flagrante pela facada em Bolsonaro e confessou o crime. A juíza federal Patrícia Alencar Teixeira de Carvalho, da 2ª Vara de Juiz de Fora, determinou a prisão preventiva do agressor em um presídio federal de Campo Grande. Ele foi indiciado pela Polícia Federal com base na Lei de Segurança Nacional.

A partir da transferência para Campo Grande, no sábado (8), a defesa o orientou para que não responda a interrogatórios sem a presença de seus advogados. A defesa também vai pedir uma avaliação psiquiátrica de Bispo, que depende de aval da juíza. “Queremos extirpar qualquer dúvida sobre sua higidez mental”, disse Oliveira Júnior, lembrando que seu cliente disse ter agido “por ordem de Deus”.

Bispo estava hospedado em uma pensão em Juiz de Fora, onde teve um notebook e quatro celulares apreendidos. A Justiça já determinou a quebra do sigilo do agressor, para que a Polícia Federal analise seus dados bancários, emails e telefonemas.

“A polícia quer saber se houve mandantes ou coautores. Se terceiros participaram, tenho certeza que vão descobrir. Mas, para mim, Adelio disse que agiu sozinho”, afirmou o advogado.

“Inclusive, ele acha que fez um bem para a sociedade. A motivação foi política”, completou o defensor.

Da FSP.