Candidatos a presidente falam em menos ódio enquanto se atacam

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No primeiro debate após o atentado contra Jair Bolsonaro (PSL), candidatos a presidente pregaram o fim do ódio e da violência na política e voltaram a trocar farpas entre si.

Sem a presença de Bolsonaro, de Cabo Daciolo (Patriota) e de um candidato do PT, o evento, realizado por TV Gazeta, jornal O Estado de S. Paulo, rádio Jovem Pan e Twitter, teve rusgas pontuais entre os presidenciáveis.

Geraldo Alckmin (PSDB) mirou suas críticas no PT e procurou associar Marina Silva (Rede) ao partido de Luiz Inácio Lula da Silva, de quem ela foi ministra, como fez Aécio Neves (PSDB) em 2014.

“Ela esteve 20 anos no PT. Em 2006 tivemos o mensalão e ela não saiu do PT. Só saiu em 2008”, criticou. “Nós não, nós sempre estivemos do outro lado.”

Marina afirmou que “PT e PSDB passaram a ser faces da mesma moeda, apesar de aparentemente fazerem a polarização”.

O tucano, por sua vez, foi alvo preferencial de Henrique Meirelles (MDB).

“O senhor prega a pacificação. No entanto, quando o candidato Jair Bolsonaro ainda estava na sala de cirurgia, seu programa de televisão o atacava fortemente”, afirmou ao questionar se o tucano promove “a radicalização ao invés da pacificação”.

Alckmin respondeu que “certamente o candidato Henrique Meirelles não viu os meus spots [propagandas]. Em nenhum momento pregamos qualquer tipo de violência. Apenas o que mostramos foram frases, não ditas por mim, para dizer exatamente que esse não é o caminho”, referindo-se a peça que mostra Bolsonaro atacando mulheres.

Ao mencionar que um candidato está preso e outro, no hospital, Marina disse que “é um momento difícil do nosso país”.

“O Brasil precisa pensar. A violência política e física de fato não nos levará a lugar nenhum. Sem educação não vamos a lugar nenhum”, disse. “Um país unido pode resolver os seus problemas, um país desunido não.”

Sem citar nominalmente Lula, o candidato Alvaro Dias (Podemos) afirmou que “partidos políticos advogam o desrespeito à lei, especialmente a da Ficha Limpa” e que “lideranças insuflam o ódio e a raiva”.

“É por essa nação que defendemos a refundação da República, o recomeço de um país anarquizado por governos incompetentes que jogaram na lama as esperanças do nosso povo.”

Ciro Gomes (PDT) concordou com a sua colocação. “Precisamos banir o ódio que se desdobrou em violência e substituir a confrontação odienta pelo debate de ideias”, afirmou.

O presidenciável Guilherme Boulos (PSOL) rebateu argumento levantado por analistas e candidatos ao longo da campanha ao dizer que a esquerda fomentou a polarização nacional com o discurso do nós contra eles.

“Querer achar o pai da polarização sem entender a sociedade brasileira é hipocrisia. Vamos resolver polarização não apenas com palavras, mas enfrentando o abismo social, as desigualdades e o sistema de privilégios”, afirmou.

“Quando a intolerância substitui argumento é inadmissível”, afirmou, mencionando, além da facada em Bolsonaro, a morte da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) e os tiros disparados contra a caravana de Lula no Paraná.

A concentração do sistema financeiro e a pouca concorrência entre bancos foi criticada por diversos candidatos. Alvaro Dias se referiu ao Brasil como “o paraíso dos bancos” e Boulos comentou que este era um dos raros pontos em que concordavam.

“O Brasil se tornou uma verdadeira Disneylândia financeira”, disse, para então provocar Meirelles, dono de uma fortuna declarada de R$ 378 milhões, parodiando seu slogan. “Não vou chamar o Meirelles, vou taxar o Meirelles.”

A segurança pública também foi abordada pelos presidenciáveis.

Meirelles disse que, depois de 24 anos de governo do PSDB, sendo os últimos dois de Alckmin, “o crime organizado hoje é o maior produto de exportação de São Paulo”.

O tucano rebateu com estatísticas de queda de homicídios no estado em seu governo.

Ciro disse que “precisamos ajudar o nosso povo, que está com muito medo e com razão” e prometeu priorizar o combate a facções criminosas, se for eleito.

O combate à corrupção foi mais uma vez pregado por Alvaro Dias. “Não podemos mais suportar os privilégios das autoridades dos Três Poderes”, afirmou.

Da FSP.