Financial Times se espanta com o Brasil e fala em “distopia”
Em reportagem de página inteira, o Financial Times destaca “Como a mídia social expôs as fraturas na democracia brasileira”. Vê o país como “mais vulnerável a um choque político radical do que talvez qualquer outra democracia no mundo”.
O texto abre com um “guerreiro cultural” de Bolsonaro se vangloriando de “brigas online”, inclusive com o Jornal Nacional —que o FT descreve como “o telejornal mais popular, que antes da era da mídia social exercia o poder de determinar vencedores e perdedores nas eleições brasileiras”.
O jornal sublinha declaração de Marco Aurélio Ruediger, da FGV:
“Você tem uma situação em que as redes sociais estão extremamente polarizadas, e a TV foi enfraquecida como principal veículo através do qual ganhar corações e mentes. O Brasil vai se tornar um caso a ser estudado, que vai reverberar através do mundo, porque as redes são uma força monstruosamente poderosa nesta eleição.”
Após ouvir de Fabrício Benevenuto, da UFMG, que os brasileiros estão vivendo em “universos paralelos”, o FT encerra afirmando que o futuro pode ter chegado “finalmente” ao país do futuro, mas na forma de uma “profunda distopia”.
Ainda na linha do espanto internacional com o Brasil, outro ator de renome no cenário internacional faz previsões catastróficas sobre o país.
O ex-chanceler mexicano Jorge Castañeda, professor da New York University, voltou a escrever sobre o Brasil, agora em coluna distribuída pelo Project Syndicate. Em suma, diz que “a interpretação estrita” que levou o Supremo a “banir o ex-presidente Lula da eleição pode abrir o caminho para um resultado que subverta o estado de direito —e derrube com ele a democracia”. No final, é ainda mais direto:
“Se dependesse de mim, eu teria permitido que Lula participasse, assegurando que a democracia do Brasil estivesse a salvo de Bolsonaro.”