Justiça tenta desfazer imagem de protetora de tucanos e pega mais um
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta sexta-feira, 28, a operação Cash Delivery. O ex-governador de Goiás e atual candidato ao Senador Marconi Perillo (PSDB) é alvo de busca e apreensão.
Jayme Rincón, ex-tesoureiro de Perillo e atual coordenador da campanha ao governo do estado de José Elinton (PSDB), aliado do tucano, é alvo de mandado de prisão já cumprido pela PF.
A investigação teve como base os relatos dos delatores Fernando Reis e Alexandre Barrados, ambos da empreiteira baiana. Em suas colaborações, eles citaram terem repassado R$ 10 milhões a Perillo – R$ 2 milhões na eleição de 2010 e outros R$ 8 milhões em 2014.
O caso tramitava no Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas foi enviado à Justiça Federal de Goiás em abril, após Perillo deixar o governo para se candidatar ao Senado. O Estado revelou, em julho, que antes do caso sair do STJ, a Procuradoria-geral da República havia solicitado a quebra de sigilo telefônico de Perillo e do ex-tesoureiro de sua campanha, Jayme Rincón. Atualmente, Rincón é presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop).
A Cash Delivery cumpre 14 mandados de busca e apreensão e 5 de prisão temporária, expedidos pela 11ª Vara da Justiça Federal de Goiás, nas cidades de Goiânia/GO, Aparecida de Goiânia/GO, Pirenópolis/GO, Aruanã/GO, Campinas/SP e São Paulo/SP.
As investigações conduzidas pela Polícia Federal validaram o conteúdo das colaborações premiadas de executivos da Odebrecht realizadas junto à Procuradoria-Geral da República.
Os envolvidos, entre eles empresários, agentes públicos e doleiros, responderão pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
COM A PALAVRA, O ADVOGADO ANTÔNIO CARLOS DE ALMEIDA CASTRO
A Defesa do Marconi Perillo vem a público explicitar o mais veemente repúdio à ação deflagrada hoje em Goiás. O ex Governador foi citado na delação da Odebrecht por fatos ocorridos em 2010 e 2014. É evidente que os fatos devem ser apurados e a Defesa não tem nenhuma preocupação com a investigação. A palavra do delator é isolada e não há, sequer en passant, qualquer fiapo de indício contra o Marconi Perillo. A busca e apreensão na residência do ex Governador ha 9 dias da eleição assume um caráter claramente eleitoreiro e demonstra um abuso por parte do Ministério Publico e do Poder Judiciário. É, sem dúvida, uma clara interferência, indevida e perigosa, contra a a estabilidade democrática. Os fatos citados pelo delator, sem provas, se referem a questões antigas. A falta de contemporaneidade, já decidiu varias vezes o Supremo Tribunal,é impeditivo de prisões e qualquer outra medida constritiva contra qualquer cidadão. Importante esclarecer que NÃO é verdade que o ex Governador teve mandado de prisão decretado, mas teve busca e apreensão e esta medida, neste momento ,já é uma grave agressão. Uma violência inexplicável ao estado democrático de direito.
Do Estadão.