A escolha não é entre esquerda ou direita, mas entre civilização ou barbárie
A escolha
A escolha não é entre a esquerda e a direita, nem é entre o “povão” e a elite, como insinuam os bons cidadãos. Também não é simplesmente entre democracia e ditadura, assim como também não é apenas entre paisano e militar, ou entre progresso e retrocesso. A escolha é entre civilização e barbárie.
A barbárie na Alemanha derrotou a civilização e levou ao Holocausto e à mais sangrenta guerra da história da humanidade. E como foi que isso pôde acontecer na altamente desenvolvida e civilizada Alemanha?
Um povo decepcionado com a ineficiência da República de Weimar, criada à sombra da humilhação do tratado de Versailles. Ou seja, um campo fértil para escolhas exorbitantes, funestas, e propício para desvairados oportunistas. Foi assim que ascendeu ao poder o maior criminoso do século 20.
O nosso candidato à Presidência da República promete exterminar o comunismo, o da Alemanha também o fez. O nosso promete militarizar as escolas e disciplinar as crianças. O da Alemanha botou farda e deu ordem unida para as crianças, para depois mandá-las para as trincheiras. O nosso promete colocar generais em todos os ministérios, o da Alemanha fez exatamente isso.
O nosso promete acabar com os políticos e com a corrupção, o da Alemanha prometeu o mesmo e deu no que deu. Não há predicado que um tenha e o outro não. Um é o reflexo especular do outro.
Haverá alguma característica do alemão que o nosso candidato não apresente? A não ser o fato de que o de lá foi à guerra, enquanto o de cá nunca deu um tiro, a não ser em alvo de papelão.
O que podemos esperar de alguém que ensina os filhos, quando atingem cinco anos, a atirar? Será que é para se defenderem? De quem? Da professorinha? Dos coleguinhas do jardim de infância?
O que se pode esperar de um presidente que é favorável à tortura? Você, burguês bem-sucedido, pode bem vir a ter um desses gloriosos indignados filhos que, por ter opinião e defender o direito de expressá-la, vai acabar no pau de arara.
O âmago, a essência da civilização é o respeito à dignidade humana. Não há maior agressão à dignidade do homem do que a tortura, sob qualquer forma que assuma.
A medida da civilização está no respeito à condição humana. A escolha está, portanto, entre civilização e barbárie. Não é, pois, uma escolha política, e a responsabilidade do eleitor é, portanto, imensa.
Um outro Messias, à caça de marajás, já empolgou o brasileiro. Será que não aprendemos?
Aquele roubou-nos apenas a poupança. Este promete subtrair-nos a cidadania e a dignidade.