Após polêmica, apoiador de Bolsonaro muda discurso sobre fusão de ministérios

Todos os posts, Últimas notícias

O produtor rural Nabhan Garcia, que já teve seu nome ventilado para um eventual ministério em caso de eleição de Jair Bolsonaro (PSL), afirmou nesta quarta-feira (24) que fundir as pastas da Agricultura e do Meio Ambiente “sem ouvir a sociedade” seria um ato de um “governo radical”.

A declaração foi dada após ele se encontrar com o presidenciável na casa de Bolsonaro, na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio. Antes da reunião, no entanto, a versão de Nabhan era outra. À imprensa, ele afirmara que a fusão dos ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente era algo inevitável.

“Não é só na questão da Agricultura e Meio Ambiente. Haverá fusões em outras pastas também. As autarquias estão funcionando. Ninguém vai acabar com o Ibama e nem com o Incra. Ninguém vai acabar com o ICMBio e nem o Instituto Chico Mendes”, declarou ele, que é líder da UDR (União Democrática Ruralista).

A mudança na fala de Nabhan em relação à proposta de fusão ministerial se deu em cerca de 20 minutos, tempo aproximado da reunião com Bolsonaro.

O ruralista não confidenciou se houve por parte do candidato a presidente alguma repreensão ou orientação quanto ao tema.

“Podemos inclusive, sim, rever essa questão da fusão da pasta da Agricultura com Meio Ambiente. Se tiver que funcionar a pasta da Agricultura aqui e o Ministério do Meio Ambiente lá, tudo bem. Vai valer a vontade da maioria da sociedade brasileira”, declarou.

“Ninguém pode ter mais esse governo, digamos assim, autoritário, duro, sem flexibilidade, com arrogância. Se for melhor para o Brasil que haja Ministério da Agricultura e Ministério do Meio Ambiente, depois de eleito, todos vão sentar. O presidente vai ouvir toda a sociedade e, se tiver que ser revista essa posição, será revista sem problema algum”, afirmou.

Irritado com a insistência dos jornalistas para verificar se a mudança de postura em relação à junção dos ministérios representava um aceno aos ambientalistas, o presidente da UDR respondeu: “Não é recuo, ninguém está recuando de nada”.

Bolsonaro tem dito que, se eleito, escolherá um ministro da Agricultura indicado pelo setor produtivo, e parte dos ruralistas apoia Nabhan. O presidenciável, no entanto, já descartou em entrevistas anteriores o nome do chefe da UDR.

Nabhan disse que Bolsonaro reforçou durante a reunião o compromisso de nomear para o ministério alguém indicado pelo setor produtivo. “Como ele sempre prometeu, vai ser a base produtora que vai indicar essa composição do Ministério da Agricultura”, comentou.

A fusão das pastas da Agricultura e do Meio Ambiente é uma das promessas de campanha de Bolsonaro, que argumenta que a medida serviria para acabar com as disputas entre o setor produtivo e os ambientalistas.

A junção, no entanto, é criticada por diversos setores da sociedade, sobretudo organismos de defesa da causa ambiental. A própria equipe técnica da campanha de Bolsonaro é contra a fusão.

Nabhan negou que as declarações de hoje indicariam um recuo de Bolsonaro em relação à pretensão de fundir os ministérios. Na visão dele, a “flexibilização” da proposta seria natural de um governo democrático. “Ou vocês querem que seja um governo radical?”, perguntou ele.

Da UOL