Atos a favor de Bolsonaro inflam tese de fraude nas urnas
No dia seguinte aos atos #EleNão, apoiadores do candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL) promoveram na avenida Paulista manifestação em prol do candidato. Um boneco inflável com farda do Exército que representa o candidato a vice do PSL, general da reserva Hamilton Mourão, e discurso do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidenciável, reiterando a possibilidade de fraude nas urnas marcaram o ato, que aconteceu na altura do Masp (Museu de Arte de São Paulo).
Além da avenida Paulista, apoiadores de Bolsonaro realizaram atos (passeatas e carreatas) em outras capitais e cidades do interior do país.
Em cima do carro de som, Eduardo disse na Paulista que seu pai vencerá a eleição no primeiro turno, caso o sistema de urna eletrônica não sofra fraude. “Se a urna [eletrônica] não for fraudada, vai ser no primeiro turno”, disse ele.
Em mensagem exibida na Paulista, o presidenciável do PSL também afirmou que vencerá as eleições no primeiro turno. “A diferença será tão grande que será impossível qualquer possibilidade de fraude [da urna eletrônica]”, defendeu. Ele declarou ainda que vai afastar o país do comunismo e que combaterá a violência, valorizando as polícias federal, civil e militar.
Milhares de apoiadores compareceram à manifestação na Paulista, mas a Polícia Militar não divulgou estimativa de público.
Os participantes puxaram palavras de ordem como “mito”, “ele sim”, “eu vim de graça”, “fora PT” e a “nossa bandeira jamais será vermelha”.
Eduardo Bolsonaro aproveitou o ato em favor de seu pai para criticar o candidato Geraldo Alckmin (PSDB). “Alckmin, não adianta usar marqueteiro, não adianta fazer propaganda”, disse ele, referindo-se aos ataques da propaganda eleitoral do tucano contra seu pai. O filho do presidenciável também não poupou o PT, dizendo que os presidentes da Bolívia, Evo Morales, e da Venezuela, Nicolás Maduro, podem comparecer à posse de Fernando Haddad, caso o petista seja eleito.
Eduardo disse ainda que, se o pai vencer as eleições, vai transferir o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) da carceragem da Polícia Federal em Curitiba (PR) para um presídio comum. “Não vamos deixar o país se igualar ao PCC, que recebe ordens de presidiários”, disse.
Bolsonaro também falou às eleitoras de seu pai. “As mulheres de direita são mais bonitas que as da esquerda. Elas não mostram os peitos e nem defecam nas ruas. As mulheres de direita têm mais higiene”, disse.
Também participaram do ato o deputado federal Major Olímpio (PSL-SP), um dos articuladores da campanha de Bolsonaro, entre outros candidatos do PSL. A manifestação na Paulista foi encerrada por volta das 16h30 em razão da forte chuva que atingiu a região.
Bolsonaro usou sua conta no Twitter para agradecer os manifestantes que o apoiaram neste domingo. “Obrigado São Paulo. Obrigado pelas manifestações de todo Brasil! Vamos juntos mudar nosso País!”, disse na publicação.
O evento na Paulista teve ainda um caso de agressão a uma jornalista. A repórter Ana Nery, da Rádio Bandeirantes, relatou ter sido agredida por um manifestante enquanto trabalhava na cobertura do ato.
Ela falava com uma capitã da PM sobre o policiamento da área quando um homem não identificado se aproximou e a agrediu verbalmente. A jornalista pegou o celular para registrar o insulto e o homem então lhe deu uma cabeçada, que atingiu seu celular no momento em que tirava uma foto do agressor.
Ana afirmou que a policial não o prendeu e apenas retirou o agressor do local. Um boletim de ocorrência será registrado e a empresa estuda medidas a serem tomadas ante a agressão.
A reportagem do UOL procurou a assessoria da Polícia Militar que informou não constar em seu sistema nenhum registro de agressão envolvendo a jornalista. Questionada, a corporação afirmou que não pretende apurar a condução do caso pela policial que presenciou a ocorrência.
Os atos deste domingo são uma reação ao movimento “Mulheres contra Bolsonaro”, que mobilizou milhares de pessoas em protesto contra o presidenciável em diversas cidades do país. Em São Paulo, o movimento se concentrou no Largo da Batata, na zona oeste, e depois seguiu em passeata até a avenida Paulista.
Em Belo Horizonte, apoiadores do candidato realizaram hoje uma passeata, na região da Lagoa da Pampulha, com manifestantes vestindo as cores verde e amarelo.
Outra carreata foi realizada na zona sul de Recife, pela avenida Boa Viagem, em apoio a Bolsonaro.
Em Manaus, eleitores de Bolsonaro fizeram uma manifestação na manhã de hoje na praia da Ponta Negra, em Manaus. O ato contou com uma passeata e manifestantes em motocicletas. A organização do evento estimou o público em 5.000 pessoas.
Atos a favor de Bolsonaro também foram realizados em Maceió, Belém e em cidades do interior do país.
Também neste domingo, apoiadores de Bolsonaro formaram uma grande carreata na Esplanada dos Ministérios. Cerca de 25 mil veículos participam do ato, segundo estimativa da Polícia Militar do Distrito Federal.
A manifestação começou cedo e pequena, com cerca de 200 pessoas. Perto das 11h, porém, conseguiu atrair mais integrantes e formar uma grande carreata nas proximidades do Congresso Nacional. Pessoas que passavam pelo local eram abordadas pelos eleitores de Bolsonaro, que entregavam panfletos e cumprimentavam quem recebia o material com um gesto que simulava uma arma atirando, como o candidato costuma fazer em atos públicos.
O movimento foi organizado em grupos nas redes sociais. A página de um desses grupos informa que eventos de apoio ao candidato têm sido feitos rotineiramente aos domingos e prosseguirão até o segundo turno –atualmente, as pesquisas apontam Bolsonaro e Fernando Haddad (PT) disputando o segundo turno.
Ontem, manifestantes contrários a Bolsonaro também lotaram ruas do Distrito Federal. Outras cidades do Brasil e de outros países também reuniram protestos contra o candidato, dentre elas Lisboa, Paris e Washington. Sob o slogan #EleNão, a campanha foi criada dentro de um grupo no Facebook que reúne 3,8 milhões de mulheres. As lideranças do movimento afirmam que a campanha é para alertar a população sobre as ideias de Bolsonaro, consideradas pelos participantes como “fascistas e machistas”.
Capitão da reserva e deputado federal por sete mandatos, Bolsonaro vinha liderando as recentes pesquisas de intenção de voto para o primeiro turno. Hoje, pela primeira vez, o candidato do PSL aparece tecnicamente empatado com Haddad, conforme os resultados da pesquisa do instituto MDA encomendada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT).
O levantamento divulgado neste domingo (30) mostra Bolsonaro com 28,2% das intenções de voto e Haddad com 25,2% da preferência dos entrevistados. A margem de erro é de 2,2 pontos porcentuais para mais ou para menos. Considerando essa margem, Bolsonaro pode ter entre 26% e 30,4%. Já Haddad pode ter entre 23% e 27,4%.
Da UOL.