Bolsonaro quer condenado pela Justiça como articulador político
Além de já ter anunciado seu coordenador de campanha, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), como chefe da Casa Civil em seu eventual governo, o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) deu novas demonstrações de aproximação com o Democratas. Em encontro com representantes da bancada da bala, o presidenciável fez acenos a outros dois políticos do partido para integrarem seu gabinete em 2019: Pauderney Avelino (AM) e Alberto Fraga (DF).
Apesar de o candidato do PSL destacar, entre suas bandeiras de campanha, o fim do que chama de “toma lá, dá cá” entre o Executivo e o Legislativo, a adesão do partido do Centrão seria vantajosa para o seu governo. O DEM elegeu 29 deputados no dia 7 de outubro. O PSL de Bolsonaro terá a segunda maior bancada, com 52 parlamentares.
Derrotado na disputa pelo governo do Distrito Federal, Fraga reuniu cerca de 30 parlamentares que defendem o afrouxamento das regras para posse de arma na casa do presidenciável no Rio de Janeiro na última terça-feira.
“Já anuncio aqui que quem vai coordenar a bancada no Planalto vai ser o Fraga”, disse Bolsonaro, em vídeo divulgado pelo deputado — hoje, esta função cabe ao ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência. Fraga, por sua vez, disse que não houve conversas sobre cargos e o que existe é uma “identificação pessoal” do candidato com alguns nomes da legenda.
Fraga afirma que o DEM é um dos partidos que possui maior alinhamento com o Bolsonaro “porque desde o início defendeu as mesmas ideias”, citando o impeachment de Dilma Rousseff (PT), e destaca que não haverá loteamento de cargos para o partido numa eventual gestão do candidato do PSL.
Alberto Fraga foi condenado em setembro a quatro anos, dois meses e 20 dias de prisão, em regime semiaberto, sob a acusação de pedir 350 mil reais em propina a cooperativas de transporte, em 2008, quando era secretário de Transportes do governo José Roberto Arruda. A decisão é de primeira instância e cabe recurso.
“Fui condenado, sim, por um juiz ativista do LGBT. Dizem para eu não falar isso, mas eu tenho que falar, porque deve ser por isso que houve essa pressa de condenar”, afirmou o deputado na ocasião, quando estava em campanha pelo governo do DF. Sua defesa alega que a condenação é política porque, além de não ter provas, o processo ficou parado por dez anos e a decisão foi dada durante as eleições.
O parlamentar também respondeu a um processo no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados por publicar informações falsas sobre a vereadora carioca Marielle Franco (Psol), morta em março junto com seu motorista Anderson Gomes em um crime ainda não esclarecido pela Polícia.
Pelo Twitter, Fraga afirmou que Marielle tinha relações com traficantes em uma publicação que foi posteriormente apagada. Ele admitiu que não checou as informações e a representação no conselho foi arquivada.
Da Veja