Cerca de um terço do eleitorado é influenciado por fake news
Uma pesquisa da empresa Atlas Político sobre eficácia de fake news mostra que mais de um terço do eleitorado afirma acreditar em duas notícias falsas contra o PT recém-divulgadas: a do chamado “kit gay” e a de um pagamento milionário a veículos de imprensa em troca de apoio político.
No estudo, eleitores foram provocados a dizer se acreditavam que o Ministério da Educação criou um “kit gay” durante os governos petistas. O maior grupo (45%) disse não acreditar nisso. Mas 36% afirmaram que confiam na história. Só 4% nunca ouviram falar do assunto. Outros 15% não responderam.
A notícia falsa do “kit gay” foi distribuída por vídeos, fotos e textos que atribuem ao presidenciável Fernando Haddad (PT) a criação de um material assim para crianças de seis anos, quando era ministro da Educação (2005-12).
Trata-se de uma distorção de um projeto chamado Escola sem Homofobia, parte programa Brasil sem Homofobia promovido pelo governo em 2004. O projeto era dirigido à formação de educadores, conforme verificação do serviço Fato ou Fake, um esforço de veículos de imprensa que atuam para desconstruir notícias mentirosas. Não havia previsão de distribuição a alunos. E o programa, no fim, sequer chegou a ser adotado.
O Atlas também perguntou aos entrevistados se acreditavam que a revista “Veja” e o jornal “Folha de S. Paulo” haviam recebido R$ 600 milhões para apoiar o PT, acusação sem provas e rechaçada no meio. Uma denúncia genérica sobre pagamento de R$ 600 milhões foi feita pela então candidata Joice Hasselmann (PSL-SP), depois eleita deputada federal.
Resultados: 35% disseram acreditar na notícia falsa; 36%, não. Nesse caso, 13% disseram ignorar o assunto; 17% não responderam.
Controlado pelo pesquisador Andrei Roman, o Atlas Político fez 2.000 entrevistas em 23 e 24 de outubro. A margem de erro é de dois pontos. A coleta foi feita por meio de uma plataforma digital da própria empresa. Investigações desse tipo, feitas pela internet, são comuns no exterior, diz Roman. Mas têm limitações, conforme outros estatísticos. Além de só alcançar quem tem acesso à rede, tende a ser respondida por pessoas mais engajadas no debate político.
Roman diz que o estudo foi financiado pelo Atlas. Afirma ainda que não trabalha para partido ou candidato atualmente. No primeiro turno, disse, foi contratado para monitorar redes sociais para a então candidata Marina Silva (Rede).