Ex-governador tucano de Goiás é preso durante depoimento à PF
A Polícia Federal prendeu nesta quarta-feira (10) o ex-governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), enquanto prestava depoimento sobre a operação Cash Delivery. A investigação trata do pagamento de propinas em campanhas eleitorais.
Perillo disputou a eleição para o Senado no último domingo (7), mas não se elegeu. Ficou em quinto lugar, com 7,55% dos votos dos goianos.
O advogado dele, Antônio Carlos Almeida, conhecido como Kakay, se disse indignado com a prisão.
“O novo decreto de prisão é praticamente um ‘cópia e cola’ de outra decisão de prisão já revogada por determinação do TRF-1”, afirma uma nota enviada pela defesa.
Para os advogados, não há nenhum fato novo que justifique o ato, “principalmente pelas mencionadas decisões anteriores que já afastaram a necessidade de prisão neste momento”.
Na visão da defesa, a prisão constitui uma forma de descumprimento indireto dos fundamentos das decisões de liberdade concedidas a outros investigados.
Os advogados do ex-governador afirmam que acreditam no Judiciário e reiteraram que uma prisão por fatos supostamente ocorridos em 2010 e 2014, baseada apenas na palavra de delatores, afronta a jurisprudência do Supremo. Segundo a defesa, o STF “não admite prisão por fatos que não tenham contemporaneidade.”
Em 28 de setembro, a PF deflagrou a operação Cash Delivery para apurar suposto esquema de pagamento de propinas a Perillo e alguns de seus principais aliados.
Em documento obtido pela Folha no dia da operação, a PF informava que só não requereu naquele momento a prisão do ex-governador por causa de restrições da lei eleitoral. Candidatos não podem ser presos entre 15 dias antes e dois dias após o pleito.
A Cash Delivery se baseia em delações premiadas de executivos da Odebrecht na Operção Lava Jato.
Eles relataram que, em troca de favorecer a empreiteira em contratos no estado, Perillo recebeu R$ 2 milhões em 2010 e R$ 10 milhões em 2014.
Em setembro, a Polícia Federal apreendeu R$ 940 mil em dinheiro na casa de um motorista do ex-tesoureiro de Perillo.
Da FSP.