Fascistas ouvem Pink Floyd mas não entendem as letras das músicas
Roqueiros brasileiros se posicionaram quanto às vaias direcionadas a Roger Waters em show no Allianz Parque, em São Paulo, nesta terça-feira (9).
Um dos fundadores do Pink Floyd, o britânico exibiu no telão do palco uma lista de líderes neofascistas, que incluía o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL). Também foi exibida a tag #EleNão.
“Você que é um idiota que quer que o Brasil vire a Venezuela, vá ver o Roger Waters. Se for um brasileiro decente e inteligente, vá ver meu show”, escreveu no Twitter o xará Roger Moreira, do Ultraje a Rigor.
“É isso que você ganha quando você é um esquerdista de limusine que não sabe nada sobre o Brasil e quer parecer ‘cool'”, escreveu em outra postagem, em inglês.
Em inglês, o guitarrista do Ira! Edgar Scandurra manifestou apoio à atitude do ex-baixista do Pink Floyd.
“Mestre Roger Waters, meus sinceros agradecimentos por toda a sua obra e posicionamento político. Muitos muros se levantarão e a árdua luta para derruba-los jamais será em vão. Meus respeitos a quem pensa diferente. Me permitam apenas dizer o que penso sem que precise ouvir ofensas e agressões. Obrigado a todos”, disse.
O roqueiro Lobão, conhecido pelo seu antipetismo nas redes sociais, também se manifestou.
“O povo brasileiro não vai aturar “cagagomization” de artista popstar vivendo numa bolha. Não vive no país, ignora solenemente o complexo contexto nacional e é uma irresponsabilidade (para ser educado) praticar proselitismo político de viés demagógico. Fora isso, Roger Waters é cafonérrimo.”
Para Teago Oliveira, vocalista e líder da Maglore, os fãs que vaiaram Waters em sua primeira apresentação “não entenderam nada de Pink Floyd”. “Eu acho no mínimo uma contradição o sujeito ouvir as músicas do Pink Floyd, as letras principalmente, e ainda assim fazer campanha ou votar no Bolsonaro.”
O músico ainda se diz envergonhado com o comportamento dos fãs. “É um infame reflexo do que é ser brasileiro nos tempos atuais, né ? Bolsonaro claramente disse que é a favor da tortura e não vê problema na ditadura. Agora mudou o discurso para ganhar votos. Waters só disse a verdade.”
Até a publicação desta reportagem, Roger Waters ainda não havia se manifestado sobre o ocorrido, nem dito se permaneceria utilizando a frase “EleNão” em seus próximos shows.