Major Olímpio puxa tapete de Doria: eleitos do PSL apoiam França
O candidato à reeleição para o governo de São Paulo, Márcio França (PSB), recebeu nesta quarta-feira (24) apoio de um grupo de deputados eleitos pelo PSL, partido do presidenciável Jair Bolsonaro. A adesão foi selada durante reunião em um hotel na zona sul da capital paulista, onde França recebeu oito parlamentares – três federais e cinco estaduais.
No encontro, oito deputados, dos quais cinco são policiais, entregaram a França um manifesto intitulado “Por uma nova política em São Paulo”, em que defendem o voto em França como chance de se obter uma “alternância democrática de poder” no estado.
O texto ainda pondera que Bolsonaro “foi bastante claro ao dizer que permaneceria neutro nas disputas regionais” e faz críticas à polarização PT x PSDB que dominou as últimas eleições, ao citar os “ininterruptos 24 anos de governos do PSDB que desvalorizaram a polícia, o servidor público e praticaram acordos e sugestões de forma condenável”.
O manifesto não fez nenhuma menção direta ao adversário de França no segundo turno, o ex-prefeito João Doria (PSDB) — que tem se associado fortemente à imagem de Bolsonaro já desde o fim da apuração do primeiro turno, no último dia 7.
“Não precisa só ser só gestor, precisa ser político e conversar com os 646 prefeitos do Estado”, afirmou o deputado estadual eleito Rodrigo Gambale, criticando bordão de Doria.
Segundo o parlamentar eleito, França tem hoje “o apoio de cerca de 400 prefeitos”.
Deputado federal eleito pelo PSL e também signatário do manifesto, Coronel Tadeu, há 30 anos na PM paulista, disse votar “contra o PSDB” ao escolher França — que, no entanto, era vice do tucano Geraldo Alckmin desde 2015.
“Convivo com o PSDB desde 1995 e sei o que não quero. É preciso mudar”, resumiu.
Um dos articuladores do manifesto foi o coordenador de campanha de Bolsonaro em São Paulo, o senador eleito Major Olímpio, também do PSL. Alegando incompatibilidade de agenda, ele não esteve no evento de hoje, ainda que tenha sido citado pelos correligionários em mais de uma oportunidade como “nosso líder”.
A adesão dos novos deputados reforça uma estratégia que tem sido adotada por França neste segundo turno: a de terceirizar o apoio a Bolsonaro, já que, ao mesmo tempo em que busca os votos da esquerda no estado também tenta se desvencilhar do rótulo de “esquerdista” imposto por Dória. O tucano se vale do mote de que o PSB de França é aliado antigo do PT e de que, na sucessão nacional, apoia Fernando Haddad (PT).
França se declarou neutro na disputa nacional, mas é rodeado de nomes que declararam voto no capitão reformado do Exército, entre os quais, sua vice, coronel da PM Eliane Nikoluk (PR), o próprio Major Olimpio, e os adversários de primeiro turno Paulo Skaf (MDB) e Major Costa e Silva (DC).
França não confirma material “BolsoFrança”
O candidato do PSB agradeceu pelo apoio dos futuros deputados, reforçou o discurso de união no estado — ao se manter neutro — e criticou o posicionamento adotado pela campanha de Doria de associá-lo à esquerda.
“No fundo, as pessoas votam para presidente e votam para governador, são eleições diferentes. Tanto Haddad quanto Bolsonaro também se mantiveram neutros aqui em São Paulo. Acho mesmo que São Paulo pode unificar o Brasil”, declarou.
Sobre o adversário, o candidato à reeleição reclamou do destaque que recebe da campanha rival. “Não é normal você passar mais de 80% do tempo falando de mim”, afirmou França, a respeito do horário eleitoral. Indagado se haverá algum tipo de adaptação no material de campanha na linha “BolsoFrança”, a exemplo do “BolsoDoria”, o pessebista desconversou.
“Isso é algo independente, cada um faz. Mas se fizer, é pela forma legal, com CNPJ”, declarou, referindo-se à busca e apreensão de material BolsoDoria, na semana passada, na capital e em cidades do interior. A campanha de França tinha alegado que o material do adversário era irregular por não conter, por exemplo, CNPJ.
Nesta reta final de campanha, o PSB deve reforçar as agendas de França pelo interior, onde ele teve menos votos que Doria no primeiro turno.
Amanhã, os candidatos protagonizam o último debate da corrida eleitoral, na TV Globo. Questionado se adotaria o mesmo tom ameno do evento de ontem, realizado pelo UOL em parceria com o SBT e a Folha, o governador ironizou: “Aí vai depender de como será o dia, né? Porque ontem foi uma carnificina”, disse França, em referência à repercussão de um suposto vídeo íntimo de Doria. O tucano afirmou ser vítima de fake news e diz que vai pedir a perícia no material.
França diz que renuncia se tiver ligação com vídeo
Irritado com acusações de que seria responsável pela divulgação do vídeo, França cobrou que Doria apresente “a verdade” sobre o caso e prometeu renunciar se houver qualquer ligação dele com o que foi divulgado.
Aliado de França e presente hoje no evento com os deputados, o vereador paulistano Camilo Cristófaro (PSB) afirmou que, “se o vídeo é uma montagem, Doria precisa vir a público dizer onde estava naquele dia [11 de outubro de 2018], naquele horário [pouco antes das 22h]”. “Ainda mais sendo ele um candidato que fala ‘em nome da família de Deus'”, disse.
Segundo Cristófaro, França proibiu uso do vídeo pela campanha.
Da UOL