Mídia estrangeira vê Bolsonaro como ameaça à democracia global
Pelo mundo, esquerda se alarma por democracia e direita ironiza
No Washington Post, reprodução de cartunista mexicano sobre ascensão de Bolsonaro
O Financial Times publicou editorial, intitulado “Bolsonaro cavalga onda de raiva popular no Brasil”. Diz que “os brasileiros estão compreensivelmente fartos”, mas questiona paralelos com Trump, pois no Brasil “as instituições são mais jovens e mais fracas do que nos EUA, o que torna os riscos muito maiores”. Acrescenta que, embora seja possível a vitória de Bolsonaro, “muita coisa pode acontecer nas próximas três semanas”.
O mesmo FT trouxe coluna de Gideon Rachman dando a ascensão de Bolsonaro como “acontecimento de importância global”.
Encerra citando o medo de que está começando “uma nova e mais sombria fase da história mundial, e que mais uma vez o Brasil sintetiza essa tendência”.
No Washington Post, Ishaan Tharoor, também colunista de política externa, reproduz uma imagem da bandeira brasileira com suástica e vê “um novo golpe na democracia liberal” no mundo.
O tom foi o mesmo por artigos no Guardian, com professor da Universidade de Boston alertando que a “democracia está numa encruzilhada” no Brasil e EUA; na New Republic, com professor da Universidade Brown dizendo que o “Brasil está à beira do autoritarismo”; e na Foreign Policy, com professor da Universidade de Chicago destacando que “o futuro parece sombrio para a democracia em Brasília”.
O sociólogo espanhol Manuel Castells, da Universidade de Berkeley, divulgou carta aberta a “amigos intelectuais comprometidos com a democracia”, reproduzida em veículos de EUA e Europa.
Do texto:
“O Brasil está em perigo. E com o Brasil o mundo, porque após a eleição de Trump, a tomada do poder por um governo neofascista na Itália e a ascensão do neonazismo na Europa, o Brasil pode eleger um fascista, defensor da ditadura militar, misógino, sexista, racista e xenófobo. Pouco importa quem é seu oponente… Numa situação assim, nenhum intelectual, nenhum democrata pode se manter indiferente.”
No rastro de editorial na Science e artigo na Nature, agora a New Scientist questiona o líder na eleição brasileira, que “quer abandonar o tratado sobre o clima”. Vai além, escreve Fabiano Maisonnave no Guardian:
“Fim do acordo de Paris. Fim do Ministério do Meio Ambiente. Uma estrada pavimentada cortando a Amazônia. Não só isso. Territórios indígenas abertos à mineração. Relaxamento do licenciamento e da aplicação da legislação ambiental. ONGs internacionais como Greenpeace e WWF banidas do país. Uma forte aliança com o lobby da carne”.