Skaf e França se unem contra Doria em SP
A decisão de apoiar João Doria (PSDB) ou Márcio França (PSB) “levou um um minuto”, disse Paulo Skaf (MDB), nesta quarta-feira (10), ao anunciar sua entrada na campanha do pessebista para o segundo turno na disputa pelo governo de São Paulo.
“Um grande motivo de estarmos juntos é o projeto em comum pela educação. Para isso, você precisa ter um governador com personalidade, com caráter, que fale a verdade”, afirmou o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que por décimos perdeu sua vaga na próxima etapa do pleito.
França, por sua vez, afirmou que já tinha se decidido a fazer o movimento contrário e apoiar Skaf, caso ele estivesse no segundo turno.
Sobraram alfinetadas dos dois, que já se aliaram em outras eleições, em João Doria. As campanhas ainda trocam telefones e negociam como trabalharão juntas daqui por diante, mas França e Skaf já pareciam afinados no discurso de que, segundo eles, o tucano não tem caráter e traiu a confiança do eleitor ao renunciar a Prefeitura.
Skaf mandou um recado quando os jornalistas iam desligando o gravador: “Se alguém tem dúvida do caráter do Doria é só perguntar pro Alckmin”, diz Skaf
França afirmou que o apoio do emedebista veio sem nenhum pedido de espaço na administração em troca, caso o pessebista seja reeleito. Ambos disseram que o acordo é que o governador adote pontos do plano de governo de Skaf na área da educação, sobretudo a proposta de levar o padrão das escolas do Sesi e do Senai para o ensino público.
Nesta quarta, o governador indicou que poderá fazer isso adotando um modelo de convênios da administração pública com o Sesi, que segundo ele poderia colaborar com seus profissionais e experiência.
As ideias de Skaf receberam críticas de França ao longo do primeiro turno, que dizia que o Sesi e o Senai cobram mensalidade e isso impossibilitava a comparação com o estado.
Questionado sobre seus comentários sobre as tarifas, o pessebista respondeu: “Cada dia sua angústia. Ele tem modelo de muito sucesso, ele também falou muito de escola pública. Vamos juntar nossos esforços”.
Os aliados reconciliados caminharam juntos pelas instalações do Sesi de Suzano, na grande São Paulo, acompanhados por lideranças dos principais partidos da coligação e prefeitos da região do Alto Tietê.
Foi o maior evento em termos de concentração política das duas campanhas até agora.
O entrevero entre Geraldo Alckmin (PSDB) e Doria na terça-feira (9), em reunião partidária, foi um dos assuntos que circularam entre os políticos. O ex-governador sugeriu que seu apadrinhado político era um traidor.
“A fala do governador Alckmin foi a falar de alguém que se sentiu de alguma forma traído e humilhado, desnecessariamente”, comentou França.
Skaf voltou a declarar voto em Jair Bolsonaro (PSL) para a Presidência e disse que a oposição de Doria ao PT, hoje, é uma contradição com o passado do ex-prefeito.
“No governo Haddad entrei contra o aumento de IPTU, não via onde estava João Doria. E no impeachment tivemos papel bem intenso. O Doria, nesses anos, o que eu vi é que ele ganhou dinheiro com o PT, ele trazia os ministros, fazia eventos”, disse Skaf.
Márcio França prega a neutralidade na disputa presidencial.
“São Paulo não precisa copiar o Brasil nesse grau de divisão. O gesto do Paulo Skaf hoje, o gesto de outros candidatos é um gesto que vai no contrafluxo dessa história nacionalidade”, comentou.
Seu partido, o PSB, decidiu dar apoio nacionalmente a Fernando Haddad (PT), mas o liberou para não se manifestar. Sua vice, a coronel PM Eliane Nikoluk (PR), é favorável a Bolsonaro.
No domingo (7) da eleição, o governador disse que não apoiaria ou votaria em Bolsonaro.
Questionado hoje sobre o voto no segundo turno, disse que não sabia ainda, mas que não o depositaria no PT.
Márcio França ainda fará algum gesto para os setores progressistas?
“Não há um gesto maior do que o meu voto. Tenho 30 anos de um único partido”, afirmou sobre o PSB, tradicionalmente de centro-esquerda.
“Há uma disputa política que tende a ser cada vez mais acirrada e tenho orientado que estamos em São Paulo e São Paulo deve pregar a unidade, a conciliação”, afirmou.