Alckmin diz que entregará PSDB a Doria sem luta
Presidente do PSDB até maio, o ex-governador Geraldo Alckmin afirmou nesta quarta-feira, 28, que sua sucessão deve ocorrer sem as tradicionais disputas que marcaram o partido recentemente.
“Quem estiver esperando uma grande disputa vai se frustrar”, afirmou após se reunir com a bancada tucana em Brasília. Foi o primeiro encontro após a derrota de Alckmin nas eleições.
Conforme revelou o Estado, Alckmin já deu sinais de que não vai oferecer resistência ao avanço do governador eleito de São Paulo, João Doria, e deve abrir espaço para que o antigo aliado assuma o comando da sigla. A ideia é que Doria indique o deputado federal Bruno Araújo (PE) para a presidência do partido.
A eleição da próxima executiva do PSDB está prevista para o dia 31 de maio do ano que vem.
Além de Araújo, outros dois nomes têm sido cotados – o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) e a deputada Yeda Crusius (PSDB-RS), lançada oficialmente nesta terça-feira, 27, pela ala feminina do partido. Na sede nacional, onde o encontro ocorreu, integrantes do movimento exibiam uma camiseta de campanha da deputada.
Tanto a senadora eleita por São Paulo, Mara Gabrilli (única representante mulher dos tucanos no senado), que propôs o nome da ex-governadora do Rio Grande do Sul, quanto a própria deputada Yeda Crusius se mostraram surpresas com a mobilização. “Foi uma coisa que não esperava, mas é natural. Houve crescimento das mulheres no partido, o que mostra força política, e elas querem posições e querem quem as representem. É uma tendência natural”, disse.
Segundo o deputado Ruy Carneiro (PSDB-PB), o desafio do seu partido será se reinventar após o resultado ruim nas urnas em outubro. “Nós temos que ter o bom senso de avaliar o que é que aconteceu. O PSDB ficou assim, pequeno, por quê? A gente tinha 54 deputados, virou 30. Existe uma rejeição à sigla. Não adianta mudar o tucano por outro mascote, e mudar ali o número. Estou preocupado com o que eu estou assistindo”, afirmou na saída do encontro. Para Carneiro, a única forma de traçar um plano claro para o futuro do partido é fazendo uma uma auto-crítica.
“Minha intenção é ficar. Eu quero que o partido faça a autocrítica. Nós tínhamos aqui PSDB-PT. Esse lugar foi tomado. Nós temos erros do passado. Esses erros têm que ser consertados. Nós temos que dar uma resposta à sociedade”, disse.
Do Estadão