Assassinato de Marielle tem a ver com atuação política e milícia, diz Secretário de Segurança do RJ
O envolvimento de milicianos no assassinato da veradora Marielle Franco, em março deste ano, foi confirmada pelo secretário de Segurança do Rio, general Richard Nunes, em entrevista, nesta quarta-feira. Ele declarou ainda que espera solucionar o crime até o fim da intervenção, daqui a 40 dias.
— Não é um crime de ódio. Falei isso logo na primeira entrevista que dei, em março. É um crime que tem a ver com a atuação política, em contrariedade de alguns interesses. E a milícia, com toda certeza, se não estava no mando do crime em si, está na execução —, disse Nunes, que acredita na participação de políticos na execução.
As investigações, segundo ele, têm 14 volumes e alguns culpados já foram encontrados. No entanto, a preocupação agora é reunir provas cabais para que os responsáveis não sejam inocentados após denunciados.
— Alguns participantes nós temos, com certeza, agora o problema todo é esse: nós temos que criar uma narrativa consistente ligando esses atores com provas cabais que não venham a ser contestadas em juízo, no tribunal do júri. Aí sim seria um fracasso – que a sociedade não observasse esses criminosos sendo efetivamente condenados — acrescentou.
Sendo a ‘integração’ regra número um durante a gestão do secretário Richard Nunes, ele declarou não aprovar a extinção da pasta. A medida foi anunciada pelo governador eleito Wilson Witzel, que pretender dar status de secretário ao chefe de Polícia Civil e ao comandante-geral da Polícia Militar. Atualmente, as corporações são subordinadas à Secretaria de Estado de Segurança e os setores de inteligência unificados.
— Eu não faria, tanto que nós assumimos e nosso papel foi fortalecer as instituições. No nosso entendimento, a palavra de ordem é integração. Isso não é no Rio de Janeiro, isso é em qualquer lugar. As Forças Armadas têm adotado recentemente uma doutrina de operações interagências porque nós não nos entendemos mais agindo de maneira singular —, disse Nunes.
Sobre o “abate” de criminosos armados com fuzil, conforme declarações de Witzel, o secretário concordou com a ação em parte, mas ressaltou que tal enfrentamento não foi o ponto central da sua gestão.
— (O abate) se justifica em determinados momentos. Um criminoso com fuzil é uma ameaça à sociedade. O fato de portar um fuzil é uma tremenda ameaça. Não fizemos desse enfrentamento o ponto focal da nossa atuação — concluiu.
Do Jornal Extra