Bolsonaro considera confinamento demarcação de terras indígenas
O presidente eleito Jair Bolsonaro afirmou, nesta quarta-feira (14) que quer preservar o meio ambiente, mas “não dessa forma que está aí”. Ele culpou políticas ambientais e indigenistas pelo atraso de algumas regiões do País e disse que “o índio quer ser o que nós somos”.
Bolsonaro citou como exemplo a situação de Roraima, que disse ter potencial para ser “o Estado mais rico do Brasil”. “Se não tivesse problemas ambientais e indigenistas, tinha tudo para ser o Estado mais rico do Brasil. Esse é um problema temos que resolver. O índio quer ser o que nós somos, o índio quer o que nós queremos. Se temos na Bolívia um presidente índio, por que aqui o índio tem que ficar confinado?”, declarou Bolsonaro.
Durante reunião com governadores, em Brasília, Bolsonaro contou que está na iminência de anunciar o nome do seu ministro do Meio Ambiente e afirmou que ele “não será o que dizem”. Lembrou, ainda, que desistiu de fundir a pasta com a Agricultura por orientações do setor produtivo.
No início do mês, Bolsonaro voltou a dizer que, se depender dele, não haverá mais demarcação de terras indígenas no País. Segundo o presidente eleito, as reservas existentes foram superdimensionadas. “Índio é um ser humano como nós. Ele quer empreender, quer luz elétrica, quer médico, quer dentista, quer um carro, quer viajar de avião”, disse em entrevista.
Em outra ocasião, antes da eleição, Bolsonaro afirmou que existe uma “indústria da demarcação de terras” e que os índios “não querem ser latifundiários”.
Em agosto, o então candidato à vice de Bolsonaro, general da reserva Hamilton Mourão, foi criticado por dizer que o Brasil “herdou a indolência dos indígenas”. “Essa herança do privilégio é uma herança ibérica. Temos uma certa herança da indolência, que vem da cultura indígena. Eu sou indígena. Meu pai é amazonense. E a malandragem. Nada contra, mas a malandragem é oriunda do africano. Então, esse é o nosso ‘cadinho’ cultural”, afirmou o vice-presidente eleito.
Do Estadão