Bolsonaro trai eleitorado antes mesmo da posse
Não há risco de o governo Bolsonaro dar certo – ao menos para a maioria. E o processo de montagem do novo governo prova isso. Bolsonaro prometeu nomear ministros acima de qualquer suspeita e de perfil técnico. Conhecida grande parte desse ministério, o que se vê são nomeações político-ideológicas e indicados ao ministério totalmente enrolados com a lei.
Agora que a eleição acabou, o antipetismo irracional se vê diante de um dilema: não chegou a hora de se perguntar o que o novo governo vai fazer? A maior parte dos antipetistas não queria nada além de derrotar o PT, mas será que essa gente pode se dar ao luxo de continuar comemorando a derrota petista sem se importar com o que o governo Bolsonaro irá fazer?
A resposta é muito simples: apenas uma minoria de grandes empresários e banqueiros poderá se lixar para as medidas do governo que começa em 1º de janeiro. A grande maioria será afetada fortemente pelas medidas que Bolsonaro tomar.
Matéria do jornalista Ranier Bragon publicada neste domingo na Folha de São Paulo traz no primeiro parágrafo a realidade que o eleitorado de Bolsonaro só irá descobrir no momento em que entender que voto é coisa séria e não deve ser prestar a vendetas imotivadas.
Diz o colunista: “É governar pra todos e ponto final. Não é para esse ou aquele setor, é pra todo mundo.” A promessa feita e refeita por Jair Bolsonaro representa, até agora, o mais vistoso estelionato eleitoral de uma gestão que ainda nem recebeu a faixa”
Que estelionato? Nomear ministros políticos enrolados com a lei e/ou com perfil político-ideológico em vez de técnico, o que não seria de todo mau se o perfil político não fosse de extremistas de direita.
O novo chanceler do Brasil, Ernesto Araújo, é um extremista que de técnico não tem nada. No final de setembro, ele iniciou um blog chamado “Metapolítica 17: contra o globalismo”. Na página, ele diz que quer “ajudar o mundo a se livrar da ideologia globalista”
O novo chanceler está causando arrepios nos diplomatas de carreira do Itamaraty
Quanto ao ministério da Agricultura, o nome da ruralista Tereza Cristina mostra que aquele ministério vai virar um puxadinho da bancada ruralista.
Já o Ministro da educação será o colombiano naturalizado brasileiro Ricardo Vélez Rodrigues. O futuro ministro publicou em 2017 um texto em seu blog afirmando que o 31 de março de 1964 deveria ser “comemorado” – note-se que o ministro DA EDUCAÇÃO apoia um regime que censurava obras artísticas e culturais o tempo todo.
Enquanto as traições de Bolsonaro forem no campo moral, seus adeptos poderão fingir que não enxergam. Mas o problema é que ele já comete traições como a de tirar os médicos de gente pobre. Essas traições vão chegar à classe média, porque o compromisso bolsonariano é, SÓ, com banqueiros e grandes empresários. É só aguardar.