Eduardo Bolsonaro firma aliança com EUA em nome do pai

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O deputado Eduardo Bolsonaro encerrou esta semana sua primeira viagem internacional como enviado especial do presidente eleito.

A missão aos Estados Unidos foi talhada para ser o primeiro passo na construção do relacionamento pessoal entre o pai e Donald Trump.

Quando o deputado escreveu pedindo os encontros, a reação inicial na burocracia da Casa Branca foi de perplexidade. “Eles estão mesmo dispostos a se associar assim ao Trump?” Os americanos ficaram entusiasmados.

A viagem foi bem calculada. O emissário reuniu-se com quase todos os centros de poder que importam: o genro de Trump, os senadores Marco Rubio e Ted Cruz, os departamentos de Estado, Tesouro e Comércio, assim como a comunidade de negócios.

O problema, entretanto, foi a mensagem. Em vez de fortalecer a mão de Bolsonaro em Washington, o primeiro movimento do governo terminou por enfraquecê-la.

O filho chegou fazendo compromissos numa agenda cara ao governo americano —Cuba, Jerusalém, China e Venezuela. Nada pediu em troca além da deferência americana a Bolsonaro.

Como Trump não respeita quem faz concessões unilaterais, a equipe de Bolsonaro desvalorizou o próprio passe. De quebra, confundiu investidores ao dizer que a reforma da Previdência pode não acontecer.

O voluntarismo do lado brasileiro é produto da crença arraigada segundo a qual Trump compensará os eventuais custos que Bolsonaro venha a incorrer no processo de se alinhar à Casa Branca.

A expectativa do novo governo é que Trump seja leal a Bolsonaro, membro mais novo do movimento transnacional de lideranças de direita.

Tal idealismo ingênuo é danoso para o Brasil e perigoso para o próprio governo Bolsonaro. Trata-se de crença irracional que ignora o gosto de Trump por arrancar concessões de seus principais parceiros a troco de nada.

Ignora, acima de tudo, o fato de que Trump não tem condições políticas de dar ao Brasil acesso significativo ao mercado americano.

O boné usado pelo deputado em Washington (“Trump 2020”) retrata esta nova fase de idealismo romântico.

Os americanos irão à forra. John Bolton fará 1.001 promessas vazias. Também tentará emplacar contratos. Caem no conto os mais ingênuos.

Quem rói as cordas são aqueles quadros do novo governo que, conhecendo como funciona a geopolítica, têm ojeriza visceral a quem viaja mundo afora para dar ponto sem nó.

Se esta missão der o tom da diplomacia dos próximos anos, os opositores podem descansar tranquilos. Não há risco de uma política externa desse tipo dar certo.

Da FSP