Empresários do setor de carne já sentem efeito desastroso de Bolsonaro
A deputada federal Tereza Cristina (DEM-MS), escolhida para ser a ministra da Agricultura de Jair Bolsonaro, disse nesta quinta-feira, 8, ao chegar ao apartamento do presidente eleito, que o setor exportador de carne bovina tem demonstrado preocupação com declarações de Bolsonaro que desagradaram países árabes, grandes parceiros comerciais.
“Eu tenho certeza que nós vamos conversar sobre isso com o presidente. Estou recebendo ligações de pessoas aqui no Brasil preocupadas”, afirmou. “É gente que exporta, da indústria ligada ao setor de carnes, principalmente aquelas com mais problemas com esse mercado árabe”, acrescentou.
A futura ministra disse que precisa entender a posição que o novo governo vai tomar e assim reagir. Ela afirmou que está acompanhando o caso do cancelamento da visita oficial da delegação do ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, pelo governo do Egito, em represália a uma fala de Bolsonaro de que pretende transferir a Embaixada do Brasil em Israel de Tel-Aviv para Jerusalém.
Na entrevista, Tereza Cristina disse que ainda pretende saber de Bolsonaro a estrutura que a pasta terá no novo governo e se incluirá as áreas da pesca e agricultura familiar, hoje vinculadas a outros ministérios.
Sobre o início de sua gestão, afirmou que pretende “assentar a poeira e conversar”.”Eu não dormi, passei a noite pensando naquilo que vou fazer. Vamos ver o que o presidente quer e saber a cara que o governo terá.”
A deputada disse que conversou na quarta-feira com o atual ministro da Agricultura, Blairo Maggi, para avaliar “gargalos do setor” e como acionar mais “o motor da agricultura”. “É preciso diminuir a indústria de multas, ter normas claras, um ambiente de negócios mais favorável”, defendeu.
A futura ministra também afirmou querer uma boa relação com o Itamaraty e disse que precisa saber também “a cara” do Ministério do Meio Ambiente. Ela falou que a escolha do novo ministro do Meio Ambiente é exclusiva do presidente, não admitindo que o nome passará pelo crivo dela ou do setor do agronegócio.
Perguntada sobre questões ambientais, ela disse que “ter licenças mais ágeis não é perder a segurança ambiental”.
Inicialmente, Tereza Cristina evitou comentar declarações de campanha de Jair Bolsonaro de que enviaria projetos ao Congresso para tornar o Movimento dos Trabalhadores sem-terra (MST) em uma organização terrorista. Diante da insistência de jornalistas, no entanto, ela afirmou: “Eu tenho um pouco de dúvidas. Já temos lei para isso (sobre terrorismo). Essa é uma questão do novo ministro (Justiça) Sérgio Moro)”.
Do Infomoney