Militares são acusados de torturar presos em quartel do exército no RJ
Três homens detidos na madrugada do dia 20 de agosto contam, em depoimentos a rês juízes e defensores públicos, que foram submetidos a sessões de tortura junto de outros cinco presos. Eles foram presos na favela da Chatuba, Rio de Janeiro, na madrugada do dia 20 de agosto, e passaram por agressões físicas pelo restante do dia na 1ª Divisão de Exército, na Vila Militar da Zona Oeste da cidade. Eles foram levados para o local e só saíram à 1 da manhã do dia seguinte. Ficaram 17 horas nas mãos dos militares, antes de serem apresentados a uma delegacia de polícia. Nos relatos, os homens narram que foram agredidos pelos militares com chutes, socos e madeiradas, levaram choques elétricos e jatos de spray de pimenta no rosto.
A análise de diversos processos judiciais, documentos internos do Exército e da Polícia Militar e depoimentos de vítimas, parentes, testemunhas, promotores e defensores públicos mostra que a tortura permanece no cotidiano do Rio de Janeiro. Ao longo de 2018, a Defensoria Pública fez visitas a diversas comunidades da região metropolitana do Rio para ouvir moradores sobre violações de direitos. Segundo Pedro Strozenberg, ouvidor-geral da Defensoria e responsável pelo projeto Circuito Favelas por Direitos, em 80% das visitas foram feitas denúncias relativas a torturas. “São relatos recorrentes. Vão desde famílias obrigadas a ficar trancadas em casas com policiais até testemunhas de torturas seguidas de execução”, disse Strozenberg.