Advogado afirma que extradição coloca vida de Assange em risco
O advogado de Julian Assange no Equador, Carlos Poveda, disse nesta quinta-feira (11), após a prisão do fundador do WikiLeaks, que seu cliente não teve o direito de se defender e que a vida dele estará em risco se for extraditado para os EUA.
Questionado por jornalistas se temia pela vida de seu cliente, ele respondeu: “Obviamente, porque há pena perpétua e também há pena capital [nos EUA]”.
Assange, que passou sete anos asilado na embaixada do Equador no Reino Unido, também já disse em entrevistas que teme ser assassinado na prisão nos Estados Unidos.
O presidente do Equador, Lenín Moreno, disse que pediu ao Reino Unido garantias de que o fundador do WikiLeaks não será deportado para um país onde possa ser alvo de tortura ou de pena de morte. “O governo do Reino Unido confirmou isso por escrito, de acordo com suas regras”, afirmou Moreno.
Mais cedo, ele tuitou que o Equador “decidiu soberanamente retirar o asilo diplomático a Julian Assange por violar reiteradamente convenções internacionais e protocolo de convivência”.
O advogado de Assange disse que exigirá provas documentais dessa garantia. “Onde está o compromisso? Terão que exibi-lo.”
Rafael Correa, ex-presidente do Equador que havia concedido o asilo a Assange em 2012, criticou duramente Moreno após a detenção.
“O maior traidor da história equatoriana e latino-americana, Moreno permitiu que a polícia britânica entrasse na nossa embaixada em Londres. Moreno é um corrupto, mas o que fez é um crime que a humanidade nunca esquecerá”, tuitou Correa, que hoje vive na Bélgica.
O ex-presidente afirmou que Moreno entregou Assange por “uma questão pessoal”, “por vingança porque o WikiLeaks publicou os Papéis INA, o grave caso de corrupção no qual está envolvido Moreno”.
Os Papéis Ina, divulgados recentemente pelo WikiLeaks, são informes que apontam para um esquema de corrupção ligando Moreno a uma empresa offshore no Panamá. O presidente nega qualquer malfeito.
Já o ministro britânico do Interior, Sajid Javid, agradeceu a cooperação do Equador e disse que “ninguém está acima da lei”.
Em sua conta no Twitter, o WikiLeaks publicou uma foto de Assange após a notícia de sua prisão, acompanhada do post: “Esse homem é um filho, um pai, um irmão. Ele ganhou dezenas de prêmios jornalísticos. Ele foi nomeado para o Prêmio Nobel da Paz todos os anos desde 2010. Pessoas poderosas, incluindo da CIA, estão engajadas em um esforço sofisticado para desumanizá-lo, deslegitimá-lo e aprisioná-lo”.
Outro advogado do fundador do WikiLeaks disse que jornalistas do mundo todo deveriam ficar preocupados com a detenção.
“As alegações factuais contra o sr. Assange prejudicam [o jornalista a] encorajar uma fonte a passar informação e os esforços para proteger a identidade dessa fonte”, disse Barry Pollack. “Jornalistas ao redor do mundo deveriam estar profundamente preocupados por essas acusações criminais sem precedentes.”
Da FSP