Censura: Professora é abordada pela PM e questionada sobre qual o conteúdo de sua aula
Reproduzimos a nota do DCE da Unioeste e ressaltamos o alerta para todos os estudantes, entidades democráticas , intelectuais, trabalhadores e a sociedade em geral de denunciar essas e mais outras tentativas de censura que vem acontecendo por todo o país, temos também a informação que uma atividade do centro acadêmico de geografia na UNILA acerca da reforma da previdência foi interrompida e que os estudantes deveriam se identificar como organizadores sobre pena de confiscação do material. Ambas as situações ocorreram no dia 3 de abril.
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Segurança pra quem?
Qual é o preço que a comunidade universitária está disposta a pagar em nome de uma falsa noção de segurança pública?
Na noite da última quarta-feira, dia 03 de abril, no campus da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, em Foz do Iguaçu, um Policial Militar do Estado do Paraná abordou uma professora em pleno exercício de sua profissão e perguntou: “Qual é o conteúdo de sua aula, professora? Por que você está falando sobre marxismo neste curso?”. Isso mesmo, em uma sala no bloco do curso de Turismo, em frente à uma turma de estudantes, um policial fardado e armado, estacionou uma viatura policial e, em claro sinal de intimidação, se aproximou da porta de uma sala de aula e questionou o conteúdo de uma aula.
Aparentemente, estamos sendo vigiados pela PM e a nossa liberdade está sendo cerceada.
No ano passado, atendendo à apelos da comunidade universitária por mais segurança, a direção do campus de Foz firmou um acordo com a PM. Com a presença de policiais no interior do campus, nossos “gestores” imaginaram chegar a uma solução para garantir a segurança da comunidade, sobretudo, em relação aos assaltos nos arredores do campus. No entanto, depois do acordo firmado os assaltos continuaram a ocorrer no entorno da UNIOESTE e da UNILA (JU), inclusive com maior frequência. Já as liberdades de cátedra e de expressão parecem ameaçadas.
Queremos acreditar que houve esforço para buscar uma alternativa para a segurança que não violasse o princípio da autonomia universitária, garantido pelo art. 207 da Constituição da República. Em outubro do ano passado, entre o primeiro e o segundo turno das eleições, muitas universidades públicas foram alvo de uma série de atos judiciais que visavam coibir a liberdade de pensamento e o debate político em seu interior. Na ocasião, a ministra Carmem Lúcia deferiu uma liminar que reafirmava a livre manifestação de ideias nas universidades:
“Liberdade de pensamento não é concessão do Estado. É direito fundamental do indivíduo que a pode até mesmo contrapor ao Estado. Por isso não pode ser impedida, sob pena de substituir-se o indivíduo pelo ente estatal, o que se sabe bem onde vai dar. E onde vai dar não é o caminho do direito democrático, mas da ausência de direito e déficit democrático”
Professores serão punidos por exercer o direito à liberdade de cátedra, garantido pelo Artigo 206 da Constituição da República e pelo Artigo 3º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional?
O braço armado do Estado parece estar disposto a fiscalizar o conteúdo das aulas em nossa universidade, com qual finalidade?
Perguntamos ao nosso reitor, ao nosso diretor de campus e aos demais “gestores”, vivemos já em uma ditadura?
Quando um policial militar aborda uma professora em sala de aula, a democracia, a liberdade de cátedra e a autonomia universitária correm sério risco. A universidade pública, gratuita e laica corre sério risco. Em um futuro cada vez mais próximo, outros professores e os próprios “gestores” poderão ser abordados pela PM dentro da UNIOESTE e questionados sobre o que falam em sala aula.
Exigimos um comunicado de nosso diretor de campus.
Exigimos um posicionamento das nossas entidades representativas.
Fora PM do campus!!
Abaixo a Repressão!!
Ditadura Nunca Mais!!