Delegado machista é afastado por chamar petista de “rapariga” e “gostosa de transar”

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O delegado da Polícia Civil da Paraíba Francisco Azevedo, titular da 9ª delegacia distrital, localizada no bairro de Mangabeira, em João Pessoa, foi afastado do cargo hoje por ofender mulheres com insultos sexuais em um texto escrito por ele no Facebook.

Na publicação, o delegado afirma que “mulher petista é mulher rapariga, safada, rodada, gostosa de transar e fácil de apaixonar.”

O texto intitulado “As raparigas de Chico” foi compartilhado em modo público no dia 15 de fevereiro, mas somente hoje começou a ser repudiado nas redes sociais.

No texto, o delegado relata seu passado. Diz que na juventude se filiou ao PT, em 1996, e que os encontros eram “boêmios” e com sexo de todo tipo com mulheres. Além disso, ele enfatiza que só se destacava no partido quem “liderasse alguma coisa.”

“Tinha até líder das bichas, mas surpreendentemente não havia líder das raparigas! Era estranho, pois nunca vi tanta rapariga junta num só lugar. Mulher petista é mulher rapariga, safada, rodada, gostosa de transar e fácil de se apaixonar”, escreveu o delegado.

Em seguida, ele afirma no texto que nenhuma mulher petista aceita que o homem pague a conta e diz que “cada um paga o seu, mas no sexo não há matemática”.

“Vale tudo! Com camisinha, sem camisinha, anal, oral, vaginal, de cabeça pra baixo, de cabeça pra cima, atravessado, torto, esquerdo e até endireitado”, escreve.

Azevedo ainda relembra, em sua publicação, o consumo de bebidas alcoólicas e drogas e lamenta que o PT deixou a sua essência. “Enquanto a burguesia fazia sexo papai e mamãe e seus filhos cheiravam pó na orla, uma revolução se desenhava bem no centro, sob olhares dos edifícios que materializam o Poder do Estado. Pena que o PT deixou de ser raiz.”

O UOL tentou localizar o delegado, na tarde de hoje, mas não conseguiu. Em um texto publicado nas redes sociais, restrito aos amigos, Azevedo se retrata pedido desculpas às companheiras que se sentiram ofendidos pela “linguagem rasa.”

Azevedo justifica que redigiu uma crônica “sob licença poética, o que não tem compromisso com a gente, apesar de me basear na minha história de luta no movimento estudantil e no PT nos anos 90”, diz o delegado, finalizando que “o que ainda nos une é a liberdade.”

A Delegacia-Geral de Polícia Civil da Paraíba encaminhou hoje à Corregedoria da Polícia Civil denúncia sobre a conduta do delegado. A investigação deverá durar 20 dias e o procedimento poderá ser revertido em sindicância, processo administrativo ou ser arquivado caso os corregedores concluam que não há irregularidade. Enquanto isso, o delegado seguirá afastado.

O secretário da Segurança e da Defesa Social da Paraíba, Jean Francisco Nunes, reprovou a conduta do delegado e afirmou que tanto a Secretaria, quanto a Polícia Civil não apoiam a atitude dele.

“Assim que tomei conhecimento dessa publicação, imediatamente determinei que o conteúdo fosse encaminhado para ser apurado pela corregedoria para que seja apurado, todos os fatos e todas as circunstâncias”, destacou o secretário de Segurança da Paraíba.

Na sessão de ontem, na Câmara de Vereadores de João Pessoa, os parlamentares Marcos Henriques (PT) e Sandra Marrocos (PSB) criticaram o texto. A vereadora afirmou que não é filiada ao PT, mas que se sentiu ofendida como mulher.

O Partido dos Trabalhadores na Paraíba informou que ingressará com denúncia coletiva contra o delegado no Ministério Público Estadual, além de uma ação judicial para que sejam tomadas as providências cabíveis.

Por meio de nota, assinada pela secretária Estadual de Mulheres do PT-PB, Zezé Béchade, e pelo presidente Estadual do PT-PB, Jackson Macedo, o partido também afirmou que pediu o afastamento imediato do delegado de suas funções “por falta de ética e decoro.”

“Nós, mulheres e homens petistas da Paraíba, indignadas (os) pela forma como fomos atacadas (os) em nossa dignidade e moral, repudiamos a conduta do delegado de Polícia Civil, Francisco Azevedo, que de forma grosseira tenta desqualificar, desvalorizar e humilhar as mulheres petistas com palavras de baixo calão, assim como, acusando homens e mulheres petistas com o intuito de atacar a honra e a moral”, diz trecho da nota do PT. “São posturas como essas que naturalizam o ataque gratuito, o desrespeito e o ódio contra seres humanos, contra quem pensa contraditoriamente a outra pessoa”, completa o texto.

Do UOL