Disney é processada por desigualdade salarial entre homens e mulheres
Um escritório de advocacia que tem batalhado contra empresas como a Intel e a Farmers Insurance sobre salários desiguais para funcionárias mulheres está agora agindo sobre a Walt Disney Company.
Andrus Anderson, de São Francisco, preencheu um processo na Corte Superior de Los Angeles na última terça-feira, 2, alegando que a Disney discrimina suas funcionárias mulheres por pagar menos a elas em contrapartida aos homens. A reclamação foi feita com base em duas funcionárias da Walt Disney Studios, LaRonda Rasmussen e Karen Moore, que pedem por ressarcimentos, benefícios perdidos e outras compensações.
As demandantes também querem que a Justiça force a Disney a criar programas internos para “remediar os efeitos da falta de políticas para funcionários da Disney no passado e no presente”, incluindo o ajuste de salários e benefícios para outras mulheres e criação de uma força-tarefa para compilar relatórios sobre seu progresso. Lori E. Andrus e Jennie Lee Anderson, advogadas que representam as mulheres, pediram que o caso seja certificado como uma ação de classe.
“As mulheres estão saturadas de serem tratadas como mão de obra barata”, disse Andrus, notando que terça-feira foi o Dia Nacional do Pagamento Igual [nos Estados Unidos], o ponto no ano em que, na média, uma mulher teria que trabalhar entre 2018 e 2019 para atingir a mesma quantidade de salário que um homem receberia apenas por 2018. “Nós esperamos que esse processo jogue alguma luz na discriminação de pagamentos a qual a Disney está submetendo suas funcionárias mulheres que trabalham duro.”
A Disney não respondeu ao pedido por um comentário.
Empresas estão enfrentando uma crescente pressão para responder a problemas de desigualdade de gênero em ambiente de trabalho. O Departamento de Trabalho está investigando se o Google sistematicamente pagaria mulheres abaixo do ideal, uma acusação que a gigante da tecnologia nega. (Um recente estudo conduzido pela companhia indicou que os homens estariam sendo sobrepagos, apesar de críticos afirmarem que o estudo ignorou questões abrangentes da desigualdade de gênero.)
Time’s Up, a iniciativa liderada em Hollywood para combater assédio e desigualdade no ambiente de trabalho, na segunda-feira, disse que se juntou aos criadores de lei da Califórnia e a Jennifer Siebel Newsom, a esposa do governador Gavin Newsom, em uma campanha para pressionar as companhias da Califórnia a assinar um “juramento pelos pagamentos igualitários”. Até agora, 13 empresas já concordaram em assinar, incluindo duas do ramo de entretenimento: Apple e AT&T, que possui a WarnerMedia.
A Grã-Bretanha recentemente forçou um reconhecimento sobre pagamentos desiguais ao requerer que companhias levassem ao ar informações salariais. Andrus notou que as estatísticas que a Disney liberou no País, onde cerca de 1.600 pessoas são empregadas, mostrou uma grande disparidade entre homens e mulheres. A Disney disse, à época que os dados eram enganosos, afirmando que a empresa compensava e promovia seus empregados “baseada em seus papéis, experiência e performances”.
Rasmussen trabalhou na Disney por 11 anos, mais recentemente como gerente do desenvolvimento de produção na Walt Disney Studios. Em 2017, ela reclamou ao departamento de recursos humanos da Disney sobre receber menos do que homens trabalhando em posições muito similares e pediu por uma auditoria, diz o processo.
A auditoria descobriu que os homens recebiam mais, mas a Disney afirmou a Rasmussen que a quantia “não se devia ao gênero”. Em novembro de 2018, a Disney aumentou o salário anual dela em 25 mil dólares, e disse que o aumento era resultado de uma “avaliação de forças de mercado”. Mesmo com o aumento, Rasmussen garante que ela continuava recebendo menos que suas contrapartes masculinas.
Moore trabalhou para a Disney por 28 anos, e é uma administradora de direitos autorais no selo musical do estúdio. Moore diz que ela foi desencorajada a se candidatar à posição de gerente e que, após a descrição do trabalho ser mudada, um homem foi contratado. Ele está recebendo “significativamente mais do que a sra. Moore, mesmo que ambos executassem um trabalho igual ou substancialmente parecido”, de acordo com o processo.
Do Estadão