Doria corta pela metade programa Escola da Família, que existe há 15 anos
O programa Escola da Família teve um corte de 46,5% nas bolsas de estudos concedidas a universitários em 2019. Das 10 mil bolsas no valor de R$ 500 concedidas a estudantes de universidades particulares participantes do programa em 2018, a gestão João Doria (PSDB) reduziu para apenas 5.360 neste ano.
Em 15 anos, o programa de ajuda já entregou 158 mil bolsas para universitários.
Sem a bolsa, muitos estudantes temem agora interromper os cursos universitários, já que não terão como pagar as mensalidades.
Criado há 15 anos, o Programa Escola da Família tem como objetivo abrir as escolas da rede estadual de ensino aos finais de semana e promover atividades para alunos e também para a comunidade. Reunindo professores da escola, voluntários e universitários. São desenvolvidas atividades relacionadas ao esporte, cultura, saúde e ainda ao trabalho.
A universitária Carla, que pediu para ter o nome trocado pois ainda tem esperança que o governo volte atrás e lhe conceda a bolsa de estudos, foi uma das que teve o benefício cortado.
A estudante cursa pedagogia da Uninove. “Não me explicaram nada sobre o fim da minha participação no projeto. Se eu não fosse atrás, nem saberia que teria a bolsa cortada. O pior é que eu estava muito feliz, desenvolvendo atividades pedagógicas e educacionais com as crianças. o programa é muito importante para elas, faz toda a diferença”, diz.
João, que também pediu para ter o nome trocado pelo mesmo motivo, cursa pedagogia na UniSantaRita e teve a bolsa cancelada, sem receber qualquer tipo de aviso.
“Sei de muitos casos na faculdade e também na escola onde eu trabalhava. Só que não existe informação, estou quase parando de estudar por não ter como pagar. Se tivessem explicado antes, talvez poderíamos ter nos organizado para achar outro trabalho antes do cancelamento”, afirma.
Professores da rede estadual que participam do Programa Escola da Família, sob a responsabilidade do governo estadual, da gestão João Doria (PSDB), também reclamam promovidas mudanças neste ano.
Segundo os professores, a hora trabalhada no programa do governo estadual não é mais paga como bônus, mas sim como hora normal de aula, o que acaba não compensando diretamente para eles.
“Na minha escola neste ano, de oito universitários que estavam conosco ficaram apenas dois”, afirma um professor que trabalha no projeto em uma escola localizada em Guarulhos (Grande SP). “Os outros perderam a bolsa sem muita explicação. Sem o bônus, os professores foram desestimulados e não participam mais. Por falta de pessoas, agora só abrimos em um único dia do final de semana. Isso é uma perda para a toda a sociedade”, lamenta o professor.
Após tomar ciência dos cortes, o deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL-SP) apresentou no mês passado à Comissão de Educação um pedido de convocação do secretário de educação Rossieli Silva. A intenção é que o representante do governo Doria explique as alterações que foram promovidas no programa pela administração estadual. “Até agora não me enviaram nenhuma resposta. Disseram que não vai ter corte na educação, mas desmantelar o Família na Escola é o quê?”, questiona o deputado estadual.
De acordo com Romero Raposo, diretor de projetos especiais da FDE (Fundação para Desenvolvimento da Educação), as mudanças no projeto serão pequenas com objetivo de ampliar os eixos de atividades oferecidas, trazendo o foco para a aprendizagem e que o orçamento é o mesmo. Sobre cortes das bolsas, diz que “universidades descontinuadas do projeto não preenchiam mais todos os requisitos para fazer parte” e que elas é que deveriam avisar os estudantes.
Sobre pagamento de professores, Raposo diz que há mudanças, mas que isso seria para que agora não só os vice-diretores (como era antes) participassem como monitores. A Uninove não se pronunciou. A UniSantaRita nega que tenha cancelado bolsas ou que seus alunos não façam mais parte do programa.
Do Agora