Erica Malunguinho abrirá processo contra deputado do PSL por fala transfóbica
A deputada estadual Erica Malunguinho (PSOL), primeira mulher transexual a ocupar uma cadeira na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), afirmou que abrirá um processo interno, junto com outros partidos, contra o deputado Douglas Garcia (PSL).
Durante sessão nesta quarta-feira (3), o parlamentar disse à colega que “expulsaria uma transexual do banheiro debaixo de tapa”.
“Se um homem que se acha mulher entrar no banheiro em que estiver minha mãe ou minha irmã, tiro o homem de lá a tapa e depois chamo a polícia”, afirmou Douglas Garcia.
Sua fala foi repreendida pela deputada Janaína Paschoal, que prestou solidariedade à parlamentar do PSOL. “A gente pode defender as ideias de uma maneira mais cautelosa, de uma forma mais cortês. Nós assumimos o compromisso, como bancada, de conversar com o colega”, afirmou.
Em publicação no Facebook, Erica defendeu que condutas como a do deputado incitam o ódio e precisam ser combatidas.
“Ao invés do deputado Douglas Garcia empregar sua inteligência e energia nas infindas questões do estado capazes de determinar a qualidade da própria existência das pessoas, ele está procurando meios de fragilizar a humanidade de pessoas que já estão em situação constante de vulnerabilidade”, escreveu.
Deputada Erica Malunguinho vai abrir processo contra o deputado Douglas Garcia (PSL)
A Mandata Quilombo vai abrir um processo interno na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), apoiado por parlamentares de diferentes partidos, em combate à incitação ao ódio – presente na fala do deputado Douglas Garcia (PSL) durante a sessão plenária desta quarta-feira (3). O discurso que ele proferiu ao dizer que “explusaria uma transexual do banheiro debaixo de tapa” fomenta e legitima as violências e assassinatos praticados constantemente contra pessoas LGBTs.Ademais da questão da violência que é praticada cotidianamente contra a comunidade LGBT, existe todo um processo de exclusão — no mercado de trabalho, no acesso à educação, nos espaços de sociabilidade — que é reforçado pelo discurso dele. Um deputade parlamentar eleito deve estar envolvido na discussão de problemas urgentes e fundamentais para o estado de São Paulo, como o desemprego — que está com índices alarmantes e atinge principalmente a população preta e periférica -, como a expansão dos metrôs, como as escolas estaduais, como as inúmeras questões de saúde, de segurança pública, de transporte. Deve, ainda, envolver-se com campanhas sociais, como a melhora do funcionalismo público, ou a qualificação do trabalho dos policiais. Ao invés do deputado Douglas Garcia empregar sua inteligência e energia nas infindas questões do estado capazes de determinar a qualidade da própria existência das pessoas, ele está procurando meios de fragilizar a humanidade de pessoas que já estão em situação constante de vulnerabilidade. Além de ser um desrespeito à deputada Erica Malunguinho, como parlamentar, é um desrespeito maior à coletividade — não só da comunidade LGBT, mas também de pessoas que lutam por garantia de acesso e de respeito a todes.Não seremos complacentes com o intolerável. Seguimos.Mandata Quilombo de Erica Malunguinho
Publicado por Erica Malunguinho em Quarta-feira, 3 de abril de 2019
A frase do parlamentar do PSL foi dita depois de a deputada argumentar contra o Projeto de Lei 346/2019, que “estabelece o sexo biológico como o único critério para definição do gênero de competidores em partidas esportivas oficiais no estado de São Paulo”.
Após repercussão negativa da fala, Douglas Garcia pediu a palavra e se retratou. “Eu gostaria de pedir desculpas caso as palavras que eu tenha proferido hoje tenham ofendido alguém”, afirmou.
Após a fala do parlamentar, partidos, como o PSOL, PT e Rede, afirmaram que entrarão com uma representação contra Douglas por quebra de decoro parlamentar.
“Discursos como o de Douglas são co-responsáveis por agressões e violências cotidianas à travestis e transsexuais. Não aceitaremos”, diz publicação da Bancada Ativista.
Da Exame