Festival de Arte e Música promovido por artistas, juristas e pensadores
O movimento pela liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não cessa. A prisão de Lula completou 375 dias neste 17 de abril, que marca também os três anos da abertura do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Em iniciativa de diversos artistas, juristas e do Instituto Lula, está sendo preparado um novo Festival Lula Livre, a exemplo do que ocorreu no Rio de Janeiro, em julho do ano passado. Desta vez, o protesto que une arte e música defesa da liberdade de Lula, justiça e pela democracia, será realizado no centro de São Paulo, no Vale do Anhangabaú, em 5 de maio.
Já estão confirmados nomes como Ana Cañas, Chico César, Felipe Catto, Marcelo Jeneci, Odair José, Otto, Thaíde e Tiê, além das bandas paulistanas Alafia e Gang 90. A lista, que aumenta todo dia e promete ainda várias atrações surpresa, traz os pernambucanos Junio Barreto, a banda Mombojó, o bloco carnavalesco Unidos do Swing, e mais duas cantoras, a paraense Aíla e a mineira Aline Calixto.
Nas redes sociais e no site do Instituto Lula a convocação para o protesto lembra que a prisão política de Lula simboliza a onda de retrocessos no país.
“Viramos o país onde o trabalho não tem mais regulação, o salário mínimo virou lenda e a única liberdade que existe é o aumento da nossa exploração. Um país que desrespeita os vizinhos latinos e lambe as botas dos Estados Unidos; onde o presidente celebra a ditadura militar e incentiva a perseguição de professores enquanto escolas e universidades não recebem investimento digno; onde um pai de família é assassinado com 80 tiros pelo exército e as autoridades nada dizem; onde ninguém sabe até hoje quem mandou matar Marielle Franco! Vamos juntas e juntos chamar a atenção do Brasil e do mundo para a situação política em que se vive atualmente no país e para a ilegalidade da prisão do ex-presidente.”
Lançado na tarde de ontem (16), em pouco mais de 24 horas o manifesto O Som pela Liberdade já reunia cerca de 2 mil assinaturas. Nomes tão diversos como Chico Buarque, Gilberto Gil, Yamandu Costa, Martinho da Vila, Arnaldo Antunes, Leci Brandão, Noca da Portela, o maestro John Neschiling, o escritor moçambicano Mia Couto, o brasileiro Raduan Nassar, os jornalistas Fernando Morais e Eric Nepomuceno são acompanhados pelo sociólogo português Boaventura de Sousa Santos e os religiosos Leonardo Boff e Frei Betto.
Atores como José de Abreu, José Celso Martinez Corrêa, Marieta Severo, Camila Pitanga, Herson Capri, Celso Frateschi, Bemvindo Sequeira, Osmar Prado, Guta Stresser, Tuca Moraes, Bete Mendes, Antônio Pitanga, dividem espaço na lista com cineastas como Anna Muylaert, Tata Amaral, Silvio Tendler, Viviane Ferreira, Eliane Café, Marina Person, políticos como Fernando Haddad, Dilma Rousseff, Juca Ferreira.
“Ninguém vai me acorrentar
Enquanto eu puder cantar
Enquanto eu puder sorrir
Você já se imaginou, por um mísero minuto sequer, viver privado injustamente da sua liberdade?” Abrindo com letra da música Cordão, de Chico (de 1971), o manifesto provoca as pessoas a pensarem na injustiça cometida contra o ex-presidente.
“O que a prisão de Lula tem a ver com você? Olhe em volta. Sabe esse nó na garganta que você sente com o bombardeio diário de problemas, esse sentimento de andar em marcha à ré enquanto crescem ao seu redor os sem emprego, os sem teto, os sem comida? A angústia de imaginar que, em breve, querem juntar ao bonde dos sem direitos, os sem aposentadoria, os sem universidade, os sem voz? Não se engane. Lula é vítima de um processo forjado, de um arranjo ilegal de interesses”, afirma o texto, citando todos os retrocessos vivenciados pelos brasileiros no último ano.
“Lutar pela liberdade de Lula é enfrentar o caos. É desatar o nó na garganta que está nos sufocando. É encarar os irresponsáveis que puseram o Brasil à deriva, exigir justiça e democracia, dignidade e direitos.”