Notre-Dame: R$ 2,6 bi são doados por ricos; aqui, Museu Nacional recebeu R$ 15 mil

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As doações de companhias francesas e milionárias para financiar a reconstrução da Catedral de Notre-Dame em Paris, parcialmente destruída por um incêndio na noite de segunda-feira, ultrapassaram os 600 milhões de euros (R$ 2,6 bilhões) nesta terça-feira, 16.

A empresa francesa de cosméticos, L’Oréal, dará 200 milhões de euros, um valor agregado aos 200 milhões doados pelo grupo LVMH e aos 100 milhões prometidos respectivamente pela família Pinault e pela petrolífera Total.

A catedral, joia arquitetônica medieval e um dos pontos turísticos mais conhecidos de Paris, foi gravemente desfigurada por um incêndio.

Mais de 400 bombeiros impediram o colapso total da igreja, que começou a ser construída no século 12 e sobreviveu a guerras, a revoluções, à ação do tempo e ao ingresso de 13 milhões de turistas por ano. Uma investigação preliminar indica que o fogo começou de maneira acidental na catedral mais visitada do mundo.

Diante das chamas, os parisienses se reuniram nas margens do Rio Sena e sobre pontes para assistir, incrédulos, às chamas consumirem a catedral. Parte deles entoou a Ave Maria. Muitos choravam, enquanto o fogo se espalhava pelo prédio, que começou a ser construído em 1163 e foi concluído em 1345. O presidente francês, Emmanuel Macrondisse: “Parte de nós queimou com a catedral”.

O Vaticano disse ter ficado “chocado e triste com a terrível notícia sobre o símbolo da cristandade na França e no mundo” e apresentou sua solidariedade ao povo francês e as orações aos bombeiros e a todos que estão fazendo o possível para lidar com a situação.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu que as autoridades francesas “ajam com rapidez” para conter o incêndio na Catedral de Notre-Dame. “Que horrível assistir ao amplo incêndio na Catedral de Notre-Dame, em Paris. Talvez aviões com tanques de água podem ser usados para apagar o fogo. Deve-se agir rapidamente”, escreveu o republicano no Twitter. A direção da Segurança Civil disse que a possibilidade de usar aviões para apagar o fogo estava descartada, pois o peso da água destruiria todo o monumento.

A chanceler alemã, Angela Merkel, disse que a Notre-Dame é um “símbolo da França” e de “nossa cultura europeia”. “Essas imagens horríveis doem. Nossos pensamentos estão com os amigos franceses”, disse no Twitter o porta-voz da chanceler, Steffen Seibert.

O secretário de Estado do Interior Laurent Nuñez afirmou à imprensa que o fogo foi controlado na catedral de Notre-Dame por volta das 7h (2h do horário de Brasília) desta terça-feira, 16. No entanto, ainda não se sabe “como sua estrutura resistirá.”

“Foi descartado o perigo de fogo. A preocupação agora é saber como a estrutura foi afetada pelo incêndio gravíssimo dessa noite”, declarou Nuñez.

Por sua vez, o ministro da Cultura Franck Riester disse que dois terços do telhado se perderam. “A princípio, o incêndio não é criminal. O fogo parece ter começado onde estavam os andaimes erguidos para restaurar a flecha que, acabou totalmente destruída”.

Riester ainda confirmou que os vitrais da catedral sofreram danos. No entanto, não deu informações sobre o estado dos grandes quadros que enfeitavam o interior da igreja. Devido a seu tamanho, eles não puderam ser retirados.

No Brasil…

Sete meses depois das chamas que atingiram o Museu Nacional do Rio de Janeiro, a instituição que foi residência de um rei e dois imperadores e abrigava mais de 20 milhões de itens não conseguiu mais que R$ 15 mil dos empresários brasileiros. No total, as doações desde o incêndio contabilizam minguados R$ 977 mil. E boa parte delas não veio de brasileiros.

Se o descaso não parecia evidente, a comparação o torna claro. Pouco mais de 24 horas depois do incêndio que destruiu parte da Catedral de Notre-Dame, em Paris, companhias francesas haviam anunciado uma doação de 600 milhões de euros – ou R$ 2,6 bilhões – para a reconstrução da joia arquitetônica medieval e um dos pontos turísticos mais visitados da Europa.

Aqui no Brasil, entre os valores destinados à reconstrução via Associação Amigos do Museu Nacional (SAMN), além de R$ 15 mil repassados por empresas brasileiras, outros R$ 142 mil foram destinados por pessoas físicas. O maior volume veio do exterior: o governo alemão destinou ao museu até o momento 180 mil euros – ou 793 mil. A promessa é que o aporte de recursos possa chegar a 1 milhão de euros, o equivalente a R$ 4,4 milhões. O consulado da Inglaterra destinou ao museu outros R$ 27 mil. No site do SAMN, a entidade pede doações via conta bancária para ajudar no “momento de emergência”. Há uma conta também para quem está no exterior.

Logo depois do incêndio, em setembro do ano passado, foi anunciada uma rede de apoio econômico com o aval do governo federal. O grupo reunia federações, grandes empresas, mineradoras e bancos. O grupo chegou a se reunir na semana seguinte à tragédia para discutir o assunto, mas segundo a assessoria do Museu Nacional, nenhum depósito foi feito até agora.

Ninguém da SAMM ou da direção do museu quis falar sobre o assunto nesta terça-feira. Na segunda, o Museu Nacional usou sua conta no Twitter para lamentar o incêndio em Notre Dame. “Nossa instituição, que viveu episódio semelhante em sua história recente, se solidariza com os franceses nesse momento”, escreveu.

Do EM