Rabino afirma que associar Holocausto à esquerda é falsificar a história

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Para Michel Schlesinger, rabino da Congregação Israelita Paulista e representante da Confederação Israelita do Brasil para o diálogo inter-religioso, o nazismo foi uma ação da extrema-direita europeia, embora seu oposto, a extrema-esquerda, também tenha gerado catástrofes.

“O Holocausto foi um produto do nazi-fascismo, movimentos da extrema-direita europeia. Dizer que a Shoá [Holocausto] foi criada pela esquerda é falsificar a história”, diz Schlesinger.

“A extrema-esquerda também produziu catástrofes abomináveis, mas o assassinato de seis milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial não foi uma delas”, prosseguiu o rabino.

Nesta terça-feira (2), em visita ao Museu do Holocausto, o presidente Jair Bolsonaro disse considerar o nazismo de esquerda, apesar do site oficial da entidade apontar que o movimento nasceu de grupos radicais de direita.

A definição feita pelo museu, de que o nazismo é de direita, também contraria a afirmação do chanceler brasileiro Ernesto Araújo, que associou o nazismo a movimentos de esquerda. ” Muitas vezes, a associação do nazismo com a direita foi usada para denegrir movimentos que são considerados de direita e que não têm nada a ver com o nazismo

Indagado pelos jornalistas sobre a fala do chanceler, Bolsonaro disse concordar com o ministro das Relações Exteriores. “Não há dúvida. Partido Socialista. Como é que é? Da Alemanha. Partido Nacional Socialista da Alemanha”, afirmou.

O vice-presidente Hamilton Mourão também comentou o assunto. “Vocês têm dúvida disso?”, questionou ele ao ser perguntado se o nazismo é de direita ou de esquerda.

“De esquerda é o comunismo, não resta a mínima dúvida. Se a gente for olhar, sabe que sou um crítico contumaz desta questão de direita e esquerda. Eu acho que são ambos visões totalitárias”, ressaltou.

Mourão afirmou que os dois regimes totalitários pregam o controle da população e o desrespeito aos direitos humanos.

“Nazismo e comunismo são duas faces de uma moeda só, a do totalitarismo”, acrescentou.

Do Estadão