Banco do Brasil torra R$ 47,5 mil para pagar mesa em homenagem a Bolsonaro
O Banco do Brasil pagou R$ 47,5 mil (o equivalente a US$ 12,5 mil dólares) por uma mesa de dez lugares no jantar de gala em homenagem ao presidente Jair Bolsonaro que a Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos promove em 14 de maio no hotel Marriott Marquis. A informação foi revelada pelo jornal “Folha de São Paulo” e confirmada pelo GLOBO nesta sexta-feira através da assessoria de imprensa da instituição financeira.
Essa será a primeira vez que o BB contribuirá de maneira tão significativa com o evento, que acontece anualmente desde 1970. Integrante da Câmara de Comércio desde a fundação, há cinquenta anos, o banco estatal costumava comprar convites avulsos para que alguns dos integrantes da diretoria executiva marcassem presença nessas ocasiões. Durante as cinco décadas, foram homenageadas personalidades como os ex-presidentes Bill Clinton (dos Estados Unidos, entre 1993 e 2001) e Fernando Henrique Cardoso (do Brasil, entre 1995 e 2002).
Diferentemente do que fez nos últimos 49 anos, o BB optou agora pela aquisição da dezena de convites em uma mesa. Ela não estará, porém, entre a lista das melhoras localizadas no salão de eventos do Marriott. Em nota oficial, o banco esclareceu que o objetivo da compra é “estreitar o relacionamento negocial com investidores institucionais e empresas” e que “os principais bancos brasileiros, instituições financeiras estrangeiras e outras empresas também adquiriram mesas para seus clientes” (a íntegra da nota segue ao fim da reportagem).
A edição de 2019 do “Prêmio Pessoa do Ano” foi precedida por uma série de reveses relacionadas à homenagem a Bolsonaro. Inicialmente, dois espaços desistiram de sediar a solenidade (o Museu de História Natural e o Cipriani Hall) após pressões do prefeito de Nova York, o democrata Bill de Blasio, e de integrantes do movimento ambientalista e da comunidade LGBTI. Em seguida, três empresas desistiram de patrocinar a festa. Entre os patrocinadores que ainda mantêm apoio ao evento estão os bancos HSBC, Citigroup, JPMorgan, UBS, Bank of New York Mellon, Santander, BNP Paribas, além da revista Forbes Brasil.
Mesmo com a proximidade do evento, ainda há um movimento para que o Marriott seja o terceiro a integrar a lista de locais desistentes. A campanha é liderada pelo senador estadual democrata de Nova York Brad Hoylman, representante da região da Times Square e outras áreas de Manhattan.
O Banco do Brasil esteve no centro da polêmica mais recente protagonizada pelo governo Bolsonaro. Na semana passada, o presidente da instituição, Rubem Novaes, confirmou ao GLOBO que proibiu a veiculação de uma peça publicitária a pedido do presidente. A campanha havia custado R$ 17 milhões e era marcada pela temática da diversidade. O caso levou à determinação de que todas as estatais deveriam submeter anúncios ao Planalto, proposição que não se sustentou e culminou em um novo recuo da administração federal.
Leia a nota do Banco do Brasil na íntegra:
“O Banco do Brasil esclarece que é membro permanente da Câmara Americana há 50 anos, desde sua fundação. Todos os anos, o BB apoia diversos eventos dessa entidade, com o objetivo de estreitar o seu relacionamento negocial com investidores institucionais e empresas.
Em 2019, o BB continuará a participar dos eventos da Câmara, por meio da aquisição de uma mesa de 10 lugares para clientes estratégicos do Banco do Brasil.
Convém destacar que os principais bancos brasileiros, instituições financeiras estrangeiras e outras empresas também adquiriram mesas para seus clientes, com localização mais privilegiada e custos superiores aos despendidos pelo Banco do Brasil.”
De O Globo.